terça-feira, 30 de novembro de 2010

Suicídio.

Pule do alto de um prédio,
não há melhor remédio.
Abra o gás e feche a janela,
passe seus últimos momentos pensando nela.
Prenda uma corda no pescoço e se enforque,
não que alguém se importe.
O quê? Quer um fim pior?
Sei d'uma morte lenta e dolorosa.
Você sofrerá muito mais.
Aceita? Quer saber?
O pior tipo de suicídio que pode fazer
é continuar vivendo.

Suicídio.

Tenho tendências suicidas
Devido ao meu intenso romantismo
Amor é suicídio, meus caros.

É suicídio quando nos automutilamos
Para ver se a dor física é maior que a emocional
Ou qualquer outro motivo clichê.

É suicídio quando nos afogamos
Em nossas próprias lágrimas
Vertidas por decepções juvenis.

É suicídio quando nos damos um ataque cardíaco
Ao vermos aquela pessoa que tanto amamos
Mas que em um ou dois meses esqueceremos.

É suicídio quando nos envenenamos
Com falsas esperanças
De amores já perdidos.

Amor é suicídio
Eis tudo
E eu sou um suicida.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A batalha pelo sorvete.

A guerra era intensa. Calda de chocolate voava por todos os lados. O número de feridos era imenso.
-Avante, tropas! - gritou o marechal Juquinha.
E partiram as tropas Juquinhenses. Rajadas de cobertura de morango eram atiradas, bananas-split de dinamite eram implantadas na base inimiga, tirando de ação sempre os mais rechonchudinhos, que paravam para comer.
Mas por outro lado havia a resistência, comandadas por Fabinho, um ex-coronel e agora rebelde (rebelou-se porque preferia sorvete de milho, e não de chocolate como Juquinha). Foram então ao ataque o pelotão de Fabinho, em menor número mas com mais fome. Arremessaram granadas de granulado no meio do batalhão inimigo, derrubando diversos garotos por causa de uma forte dor de dente.
Juquinha, que além de grande estrategista era bom no campo de batalha, pegou uma casquinha e atirou sorvete napolitano em grande parte dos soldados rebeldes. Mas foi enquanto atirava que caiu repentinamente. Havia sido apunhalado, quando olhou para trás viu Carlinhos, o menor da turma, atacando-o com um picolé, um picolé sabor milho ainda por cima.
-Meninos! O almoço está pronto! - gritou a mãe de Juquinha e Fabinho.
Então eles e seus amigos entraram, era um farto almoço, mas não se importavam com isso. O que mais esperavam era a sobremesa...

A batalha pelo sorvete.

Era um dia ensolarado e quente. O playground estava cheio de crianças em férias escolares brincando e gritando, enquanto suas mães os observavam.
O "Tio do sorvete" - como as crianças o chamavam- não conseguia 1 minuto de paz. A cada 5 segundos uma nova criança, geralmente acompanhada da mãe, aparecia pedindo um sorvete. E, embora o Tio não tivesse descanso, sempre as atendia com um sorriso no rosto. Até que um dos garotos mais conhecidos do bairro foi comprar um sorvete. Era chamado por todos por Juninho. Juninho era adorado pelos amigos, sempre compartilhava seus brinquedos e ajudava quem precisasse. Mas, mesmo sendo um bom garoto, não hesitava em apelar para a força contra os mal-feitores.
-Tiio, ô Tiiiiô! Me dá um sorvete de chocolate. Tá tão quente! - Pediu Juninho abrindo a boca pelo calor.
-Ah, Juninho, tá na mão! - Respondeu o Tio do sorvete balançando o bigode como sempre fazia.
-Tio, também quero um! - Disse alguém atrás de Juninho. Era Gustavo, o valentão do playground. Gustavo era grande para sua idade e, por isso, atormentava os garotos menores sempre que pudia. Ele e Juninho eram arquirrivais.
-Pode deixar, Guto. Dois de chocolate saindo! - Mas ao verificar seu carrinho de sorvete, o vendedor levantou-se com uma cara de quem comeu um picolé de jiló.
-Poxa, Gustavo, só tem um... e o Juninho chegou antes. - Disse com um ar desapontado.
-Não quero saber! Eu quero o sorvete! - Gustavo, urrou, ficando rosa como um leitão.
-Ei! Gustavo! Calma lá. - Falou o Tio ajeitando seu boné vermelho. -Se continuar assim, te bano do carrinho de sorvete. Se quiser, tem de morango, limão e uva. Toma o seu Juninho. - Disse o tio pegando o sorvete do garoto.
-Valeeeu, Tio. Toma a grana. - E entregou uma nota de 2 reais ao sorveteiro.
-Xii, Juninho, você foi na casa do teu primo ontem, né? Eu avisei pra turma que o sorvete agora tá 2,50...
-2,50?! - Exclamou Juninho. - Ai, segura o sorvete, Tio! Eu vou pegar o dinheiro e já volto. - E correu como uma flecha para casa. 10 segundos depois já voltava com um sorrisão no rosto e 50 centavos na mão.
-Aê, Tio. 2,50! - E entregou a moeda.
-Eeeei, agora o sorvete é meu! Você foi embora e voltou! Perdeu o lugar. - Disse Gustavo com ar de triunfo.
-O quê?! Deixa isso, Tio?! Eu já tinha comprado, só fui pegar o dinheiro! - Replicou Juninho raivoso.
-Vixi, e agora? - Respondeu o Tio coçando sua careca embaixo do boné.
-Já sei! - Disse Juninho com um brilho nos olhos. - Vamos fazer uma batalha pelo sorvete! Três provas, quem ganhar, leva o gelado!
-Cai dentro, Tampinha. - Disse Gustavo.
-Demorou, segura o meu sorvete aí, Tio. - E Juninho saiu correndo.
-O meu sorvete! - Gustavo falou enquanto ia atrás do menor.

Alguns minutos depois estavam os dois preparados para a primeira prova. Lado a lado na rua de baixo, onde aconteciam as corridas. Toda a galera estava torcendo por um ou por outro, até que Laroca jogou a pedra pro alto, quando ela caiu, os dois sairam correndo. No começo Gustavo tentou derrubar Juninho, mas o garoto era escorregadio e saiu por debaixo do maior. Deu a curva pela casa da Senhora Carvalho e perdeu Gustavo de vista. Na chegada, Gustavo chegou sem ar, enquanto Juninho comemorava sua vitória saltitando.
- Ah rá, uh ru. O sorvete é me-ú! - Dizia o garoto para todo mundo ouvir.
Gustavo não gostou nada disso. Mas sabia que a próxima prova era dele.
Eles foram para a caixa de areia, onde iriam fazer uma luta de sumô na areia, o primeiro a sair do círculo principal perdia. Juninho bem que tentou, de um lado e de outro, mas Gustavo não saia do lugar. Até que Gustavo deu um grito, pegou Juninho pela cintura e o mandou beeem longe.
- Uuuhm, já posso sentir o gosto do sorvete. - Disse o menino rindo.
Juninho apostava tudo na última prova.
Na prova final, os dois penduravam-se no macaquinho, o primeiro a soltar, perde. Juninho estava aguentando bem, pois era mais leve que Gustavo, mas Gustavo era mais forte e podia aguentar muito mais. Juninho, no finalzinho, fraquejou e soltou, um pouco depois Gustavo também desistiu, como Gustavo era maior, os pés dos dois tocaram o chão ao mesmo tempo. Laroca, que sempre gostava de organizar as coisas, acabou decidindo que foi empate!
-Empate? E de quem é o sorvete? - Disse Juninho.
-Bom... não sei! - Respondeu Gustavo confuso.
-Olha, não quero me intrometer, mas e se dividissem? -Disse Laroca querendo sim se intrometer.
-Ah, melhor que nada, né. - Juninho falou correndo para o carrinho de sorvete.
-Dividir? Pelo menos ainda tenho meio sorvete. - Respondeu Gustavo indo atrás do outro garoto.

Ao chegar no carrinho de sorvete, que surpresa os dois tiveram! Estava o Tio somente com um palito de picolé na mão e uma poça marrom no chão.
-Xiiii, vocês demoraram tanto pra se decidir, que acho que o sorvete derreteu!
E os três riram de toda essa batalha por um palito de sorvete.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Novembro

Novembro;
Dia de finados?
Não acho um dia tão animado...
proclamação da República?
A gente abdica.
Dia da bandeira?
Nem de brincadeira!
Em novembro,
pode até ser que esqueceu,
mas eu me lembro,
foi quando a gente se conheceu.

Confesso que não lembro ao certo
se foi dia 20 ou 21.
Só sei que desde esse dia,
não esqueci de ti em nenhum.

Por isso todo dia 31 de outubro eu choro
e dia 1º de dezembro? Adoro.
Pois são os 30 piores dias da minha vida.
30 dias que não tenho saída.
Por isso, o final de outubro eu amo.
e, no início de dezembro, reclamo.
É o único mês que me sinto feliz,
o mês que iniciou o que eu sempre quis.

Então, se fez questão de esquecer,
eu lembro:
tudo começou n'um dia de novembro.

Novembro.

Novembro marca o fim
Ao menos para mim.
Agosto é o nascimento
E outubro o começo do sofrimento.

Setembro não é de grande importância
Só o comemorava em minha infância.
Já agosto, tem outro gosto
Gosto bom, que lembra teu rosto.

Conheci a ti em um agosto de dias sombrios
No qual acabaste com todos meus desvarios.
Vivi contigo em um caloroso setembro
De dias alegres, dos quais eu bem me lembro.

Logo veio outubro, que mês triste
Não sabes o quanto me afligiste.
Novembro logo a levou
Ah, não sabes como meu coração lamentou.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Um par.

Estavam os dois, logo ali, perto do pilar que ficava próximo da cantina. Ela era popular, linda e razoavelmente interessante. Tinha uma estatura mediana-alta, olhos azuis, belíssimos cabelos loiros. Todas garotas a invejavam e todos os garotos a admiravam. E além de seus atributos, outra coisa que a fazia invejável era tê-lo. Ele era simpático, belo e exercia um certo poder por ali. Era alto, forte e garboso, um rapaz com um quê de cavalheiro clássico. Nossa, como formavam um belo par para as multidões poderem se deleitar falando deles...
Um pouco ao lado havia outro casal. Ela não era tão bonita, ao menos para o gosto geral, já ele teimava em discordar e a achava maravilhosa. Usava óculos, tinha um rosto arredondadinho e era super amável, devo admitir que ele até tinha razão em achá-la graciosa. Além disso, ela era inteligente, bem mais inteligente que a moça do primeiro casal, tinha ambições bem maiores e mais respeitáveis que aquela outra também. Já ele, era engraçado, desengonçado para a maioria, fofo para ela. Era um rapaz super inteligente e sério quando necessário. Tinha os cabelos um pouco grandes, eram encaracolados. Nossa, como formavam um belo par para eles mesmos...
E sentado do outro lado do pátio estava um garoto sozinho. Não eram muitos que o notavam, ele parecia invisível em meio a multidão. Tinha um semblante de calma, mas quem olhasse duas vezes veria o desespero que havia lá dentro. Ele podia até sorrir, mas era apenas para colocar uma máscara sobre a solidão. Ele era ímpar, sua vida sempre fora ímpar. Quando não estava sozinho, a garota que ele amava tinha outro. Nossa, como ele era um triste ímpar.

Um par.

Eu sei que é bobeira, e que eu não deveria mais pensar nisso. É passado, eu já estou avisado… mas eu estou cansado! Cansado de chorar por saber que nunca seremos um par. Cansado de sofrer por não te ter. Para você? Para você não faz diferença, aliás, você quer que eu esqueça. Para o mundo menos ainda. Um par a menos, um par a mais, que diferença faz? Mas para mim! Para mim como você faz falta. Eu sinto que além de ti perdi minha alma, uma parte de mim foi embora. É tão difícil deixar tudo p'ra lá. Você e a ideia de sermos um par. Ainda mais da forma que tudo foi acabar. Se é que é acabou… ou sequer começou.
Não estou aqui só p'ra lamentar. Às vezes a vida não quer que sejamos um par. Eu sei que o mundo é assim, e sei que o amor é um jogo sem fim. Eu disse "par!", você "ímpar". Eu joguei um e você nada. E, por mais que eu queira, sem tua vontade, meu um nunca será um par de verdade.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

No funeral.

A chuva cai do céu.
E dos olhos dos meus amigos.

O frio está no vento.
E no meu peito já sem vida.

A oração não consola.
O silêncio ensurdece.

Se eu pudesse dizer uma última coisa.
Vejo agora que não seria:
"Não chorem, eu quero que sorriam."
Pois, a realidade, a morte, é diferente.
"Chorem, mas não por me perderem,
chorem porque eu os perdi.
E estou sozinho aqui,
para sempre.
Sem vocês.
Sem deuses.
Sem paz."

No funeral

Então, eu abri meus olhos
Meu corpo estava frio
Todos choravam
Todos estavam de luto
Eu ouvia uma marcha fúnebre
Mas não, eu não havia morrido.

Eu toquei teu corpo
Estava fria, com pele marfínea
Segurei triste tua mão de neve
E chorei ao ver teu rosto tão fraco
Rico em ossatura, pobre em vida.
Mas não, tu não havias morrido.

Perguntei-me então de quem era aquele funeral
Por quem tanta gente choraria?
Resolvi olhar em volta
E foi aí que reparei em uma ausência
Eu estava ali, você também, mas faltava alguém
E sim, o amor havia morrido.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

"Como você mudou."

Você me dirá palavras "sábias" sobre como eu mudei e sou um tolo agora, pois é, você me dirá palavras do tipo:
"Como você mudou. Você não era assim, Lucas. Se lembra de quando você ia atrás de seus sonhos? Nossa, você era demais, eu te admirava tanto, você era alguém que tantos queriam ser, você era tão inteligente (ou melhor, ainda é), era tão simpático e bem-humorado e nos esportes não ficava muito atrás. Você já tinha esse espírito artístico, me lembro quando você me mostrou seu primeiro poema, o qual tinha logo eu como musa, imagino quem será sua musa hoje em dia… me lembro também de quando mentiu pra mim, fingindo que um poema de alguém famoso (não me lembro quem era o autor) era seu, e eu logo descobri sua farsa.
Você era tão sorridente, você me fazia sorrir, nossa, como você me cativava, bem, você cativava a todos. Você tinha um gosto musical excelente, me lembro das tardes que passamos um com o outro, ouvindo aquelas músicas que só nós pensávamos que gostávamos, éramos tão 'especiais', não é, Lucas? Éramos tão 'superiores', ah bons tempos aqueles…
Mas hoje você é diferente, ah, como você mudou. Você não segue mais seus sonhos, você não é mais tão admirado, só sua inteligência, que só serve para fazê-lo arrogante, achando que é o maior sábio do mundo, continua. Não há mais simpatia em você, virou um casmurro. Seus poemas são claramente vazios.
Você não sorri mais, você entristece aqueles em sua volta. Parte das músicas que ouve se tornaram ordinárias, mas também, você se tornou ordinário.
Como você mudou, Lucas, como você mudou."
E eu, bem, eu diria:
"É, eu mudei, mudei tentando te agradar. O único sonho que eu ainda tenho, é te ter. Se não sou mais simpático, é porque eu tentei me adaptar a você e deixei tudo o que eu realmente era pra trás. Ah é, você se perguntou sobre quem seria minha musa de hoje em dia, bom… ela é você, ou melhor, ela é o que você costumava ser, eu me inspiro naquela garota por quem me apaixonei anos atrás.
E pois é, não sorrio mais, mas há um motivo pra isso, você se foi embora, você não está mais ao meu lado. E, por fim, as músicas. Elas não são ordinárias, a não ser que você se considere ordinária, porque todas elas me lembram de você, todas elas se relacionam conosco.
Como você mudou, querida, como você mudou."
Isso é o que eu diria, mas não terei a chance de dizer-lhe isso. Então deixemos tudo calado.

"Como você mudou."

-Como você mudou.
-Como eu mudei? É claro que eu mudei. Se não mudasse, nunca estaríamos aqui. Nunca teríamos nada, nem essa conversa. É claro que eu mudei, mudei p'ra ser alguém bom p'ra ti, p'ra você gostar de mim, se interessar, p'ra podermos ser amigos e, quem sabe, algo mais. E quer saber a verdade? Deu certo, aproximamo-nos muito, viramos amigos e, não sei, algo mais. E menos! Mas daí, eu mudei, de novo. Eu ficava tão feliz contigo, tão bem, eu acho que passei a precisar de você. E quando estavamos juntos, eu não conseguia conter os meus sentimentos... nem os bons... nem os ruins. Ciúmes, o medo de te perder, a tristeza de te ver partir. Isso fazia mal a mim, a nós! E eu precisei mudar, precisei esconder o que eu sentia, precisei "pegar leve", eu não sei "pegar leve". E, agora, mudei de novo... afastamo-nos, você pediu um tempo, precisava do seu espaço. Eu disse "eu entendo, é melhor assim", não! Não é melhor assim. Nunca poderia ser melhor eu sem você! Então, sem você, eu mudei, minha alegria parece que gostava tanto de ti que, quando você me deixou, foi junto. Meu sorriso combinava tanto com o seu riso, que sua ausência parecia recriminá-lo de estar presente. Eu mudei, fiquei deprimido, triste, destruído. Você me estragou! Me estragou! E agora vem dizer "como você mudou", é claro que eu mudei! Se eu não mudasse, as coisas não mudariam sozinhas, eu me arrisquei e acabei perdendo.
-Suas lágrimas... são a prova de que você não mudou, desculpe-me, fui eu, não fui?
-Minhas lágrimas são a prova. Não a prova de que eu ou você mudou. Mas a prova de que não mudamos quem somos, e sim como somos.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Amor irracional.

O que eu sinto por você
"é algo bem natural"
você vai me dizer.

Mas eu penso d'outra maneira,
é um amor irracional,
não é brincadeira.

"Não se faça de tolo,
nenhum amor é racional,
não sei p'ra que tanto rolo."

Exatamente!
Não é um amor normal,
você não sai da minha mente.

"Vamos, seja sensato,
ao menos, rime bem,
está ficando chato."

Não é culpa minha,
eu não penso em mais ninguém
é impossível ficar na linha.

"Então, é bom corrigir esse seu amor,
que as suas poesias estão péssimas,
não rimarei mais contigo, adeus."

Não me faça essa desfeita,
por favor,
faço-te minha Julieta!
Não se vá.
Não assim!
É o fim...

Amor irracional

Eu diria que tuas efélides são de ímpar beleza
Mas pareceria forçado, ilegítimo
"Acho tuas sardas maravilhosas"
É mais sincero, verdadeiro.

Eu tinha outro poema escrito
Com rimas ricas e versos alexandrinos
Mas não, esse amor é irracional
Nele não cabe a sensatez.

Eu diria "Teu ósculo, quando dar-mo-á?"
Outra vez seguiria a razão
"Então, quando me dará teu beijo?"
Certo, isso sim veio do coração.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Garota do tempo.

Bem, caro leitor, se tiver tempo, contar-lhe-ei uma história.
Ela se passa em um dia, bem... o dia estava tranquilo. Já havia um bom tempo que eu não via um dia com um clima tão agradável. O sol estava no céu, algumas nuvens pairavam sob ele, escondendo-o e mostrando-o, como em uma brincadeira. Não fazia calor, tampouco frio, era um clima agradabilíssimo. Pouco ventava, se bem que aquilo não era muito bem algo que se chame de vento, estava mais para uma brisa, uma doce e suave brisa.
Mas não, a calma não viera para ficar, não, ela nunca fica. Ela se foi no mesmo instante que chegou uma amável senhorita cujo nome prefiro omitir, chamemo-na de Garota do Tempo, eu e ela tínhamos algo já fazia um tempo. A calma foi embora devido ao fato de que essa garota não é uma garota qualquer, ela parece controlar o tempo, mas não o tempo de horas e minutos, o tempo que é sinônimo de clima, o tempo das estações e da temperatura.
Pois deixemos as descrições de lado e utilizemos a narração. Ela chegou e disse-me friamente.
-Como vai, Lucas?
Pronto, essas doze letras intensificaram tudo, apenas de ouvi-la, apenas de estar com ela, tudo mudava. A brisa virou tufão, o clima agradável agora tornou-se calor, calor proveniente do mais tenro amor.
-Bem e você? - respondi fingindo impassibilidade.
O resto da conversa pouco importa, continuou mais do mesmo. Ficamos lá, eu, nervoso, trêmulo, quase causando um terremoto de tanto que meus joelhos se batiam, e ela, fria como uma geada, nada parecia importar para ela.
Depois de aproximadamente três quartos de hora ela introduziu um assunto que tinha importância.
-Bem, Lucas, na verdade eu tenho algo bastante sério para te dizer...
-Pois diga. - meu coração congelou de tanto medo da tal notícia
-É que chegamos ao fim.- fiquei embasbacado - O nosso tempo acabou, a nossa chama se apagou... - ela podia continuar dizendo todas as metáforas que significam que o amor acabou que eu mesmo assim permaneceria, e ainda permaneço, sem conseguir entender.
E agora cá estou, sozinho. O clima sem ela não é mais o mesmo, parece sempre chuvoso, frio e lúgubre. Vez ou outra me lembro dela, sinto que passa um furacão de emoções que destroi tudo que eu construí.
Espero não ter tomado muito tempo do seu dia.

Garota do tempo.

'Tá vendo aquela garota ali? Isso, aquela que por onde passa as flores adquirem um outro brilho, aquela que faz os passarinhos cantarem com mais graça, que parece estar sempre andando n'uma bela tarde de primavera. Ela é conhecida como Garota do tempo, não sei se preciso ainda explicar o porquê, mas p'ra não deixar duvidas, explico com detalhes.
Como eu disse, ela é a Garota do tempo, e como eu também já falara, o ar que a rodeia é primaveril. Mas como eu ainda não contei, ela também aquece o coração de todos os rapazes que a veem passar, tão quente quanto um forte verão. Entretanto o próprio coração dela, se é que podemos chamar de coração, é frio como o inverno russo. E, com isso, todas as flores que ela recusa, tornam-se amarelas e caem no ritmo do outono.
Mas, para falar a verdade, há boatos que o nome dela venha de outro lugar, dizem por aí que ela se chama Garota do tempo porque o tempo corre diferente com ela. É difícil de dizer, porque como eu disse, ela não tem tempo para nós meros mortais, entretanto algumas pessoas que já foram amigas dela, dizem que quando estamos com ela, o tempo voa. Dizem que é super divertida, que nos faz ter um tempo maravilhoso, mas acabamos nos viciando nisso, e quando estamos em sua ausência, o tempo se arrasta, os segundos se estendem, e queremos vê-la a todo tempo.
Só que não sei se é verdade a segunda teoria, faz tempo que não a vemos conversar com ninguém, todo o tempo ela está sozinha, olhando para o relógio, esperando alguém, talvez alguém que ela tenha depositado muito tempo, e que acabou congelando o coração de inverno dela, que naquele tempo podia ser quente e florido. Agora, perdoe-me, mas não tenho mais tempo p'ra falar dela, sabe como é, falar dessa garota tão peculiar é interessante, e quando vimos, o tempo já passou, o meu, o seu e o dela.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

As coisas.

Quando eu vejo você,
quando você está por perto,
eu sinto essa...
essa coisa.

Ao partir, não é só ti que te vais,
quando te ausentas, leva contigo uma coisa,
coisa muito preciosa p'ra mim,
que eu dei a ti.

Porque você, você mesma,
você é, realmente, uma coisa.
Uma coisa divina,
coisa ímpar.

Na verdade,
junte essa coisa que eu sinto,
essa coisa que eu perco,
e essa coisa que és.
E verá quantas coisas nós temos,
quantas coisas eu sinto por ti,
quantas coisas me remetem a você,
e quantas coisas de ti eu quero.

-Mas que coisa,
vejo amor em qualquer coisa.
Acho que tem coisas que não mudam.-

As coisas.

Preciso de alguma coisa
Só não sei o quê.
Quero uma coisa.
Um assunto para escrever.

Qualquer coisa podia acontecer a mim
E acabar com essa monotonia já sem fim.
Mostre-me alguma coisa original
Que quebre com a ideia do que é normal.

Eu faria todas as coisas para ver-lhe sorrir
Ou nenhuma coisa, é só você pedir
Eu seria outra coisa, se você quisesse.

Mas eu sei que há uma coisa que não mudará
Meu amor por ti, esse não acabará
Nem acabaria, nem que eu tentasse.