terça-feira, 2 de outubro de 2012

Babel.

Em toda São Paulo havia somente uma vontade, e empregavam-se as mesmas ideias. A população desejava somente o bem de sua cidade, pouco importando quem era o governante, contanto que possuísse boa índole e buscasse o bem daquele município que tinha proporções imperiais.
Emigrando não apenas do leste, mas de toda a cidade, os cidadãos encontraram uma calçada vazia, embora em péssimo estado de conservação, sobre o Viaduto do Chá, mais precisamente em frente ao número 15 desse viaduto. Os sussurros no escuro diziam um ao outro para ficarem por lá até o amanhecer, pois ali conseguiriam chegar ao seu objetivo.
Disseram uns para os outros "Vamos entrar nesse prédio, talvez a gente consegue algo lá dentro." Um rapaz, tímido e com pouca força de espírito lhes disse que ele iria esperar, ele iria esperar por eles. Adentraram e seguiram para subir os primeiros degraus.
Depois disseram: "Vamos até o topo, até lá a gente encontra alguém pra ajudar na melhoria da cidade." Mal sabiam eles que naquele prédio ninguém fora eles parecia querer o bem daquela daquela cidade. Lá fora, o rapaz olhava perdido para a 23 de maio e contava carros, avenida de uma data que lembrava fantasmas que ele conhecia e que tanto se importaram com São Paulo, o que pensariam aqueles se a vissem agora? Enquanto isso, seus companheiros chegaram ao topo e encontraram um jardim edênico, e um senhor onipotente engravatado a aproveitar o dia naquele oásis naquela cinzenta cidade.
O Senhor, porém, foi na direção daquele grupo a fim de ver o que protestavam e como haviam conseguido chegar até lá com tanta facilidade, pois seus montes de seguranças deveriam ter feito algo. Ao mesmo tempo o nosso velho conhecido estava lá fora pensando em maneiras para mudar a cidade, uma vez que era um amante da luz da razão, pensando em sua querida terra natal, seus olhos de amante brilhavam e enchiam-se de lágrimas ao mesmo tempo, dada a situação em que se encontrava.
E o Senhor disse (a um assessor): "Eles constituem apenas um povo e falam todos das mesmas ideias. Se principiarem dessa maneira, coisa nenhuma os impedirá, de futuro, de realizarem todos os seus projetos
Vamos, pois, descer ao nível deles e confundir de tal modo os ideais deles que não consigam compreender-se uns aos outros."
E o Senhor dispersou-os dali por toda a superfície e por todos grupos de São Paulo, e suspenderam a reconstrução da cidade. Depois disso, o rapaz tornou-se um viajante quase sem esperança, mas criou um partido que buscava fazer com que todos se lembrassem de quando falavam uma mesma língua quando o assunto era o bem da cidade e construir uma torre até o poder, para que ficassem no mesmo patamar de Senhores como aquele outro, para que lhe quebrassem a coroa.
Por isso, lhe foi dado o nome de Babel, e todos desse partido não queriam ver ninguém abaixo de seus pés e somente à altura de seus olhos. O plano é grande, o plano é trabalhoso, mas um dia eles conseguirão, não com pressa, e sim com comunicação.

Babel.

1. Naquele tempo a humanidade falava cada um uma língua, mesmo quando era a mesma.
2-4. Ora, cansados de caminhar sem rumo, voltaram ao Iraque. E resolveram reconstruir uma grande cidade. E nessa cidade projectaram levantar um templo com a forma de duas torres altíssimas que chegasse aos céus. Isto, disseram, nos unirá na terra toda.
5. O Senhor desceu para ver a cidade e a torre que estavam a levantar:
6-7. Vejamos: se isto é o que eles são capazes de fazer, sendo um povo tão diferente, não haverá barreiras entre eles. Vamos descer e que a língua deles se una, que se entendam plenamente.
8-9. E foi dessa forma que o Senhor os uniu por completo, permitindo a construção daquela cidade. Todos se entendiam, falavam o mesmo idioma e pensavam o mesmo, condenados a viver em Babel, a cidade que todos são um e ninguém mais é alguém.