sexta-feira, 1 de junho de 2012

Coração de pelúcia.

Se lembra de quando seu aniversário passou e pensou que esqueci do presente? Não comentou por educação, mas no fundo estava a remoer-se porque não te dei algo tão caro quanto aquele rapaz, ou algo que te faria lembrar de mim, como fez uma amiga sua qualquer. Mas estava enganada, querida, completamente enganada, pois dei-te algo que você nem sequer sabia que era teu, e que é mais caro que qualquer presente que aquele rapaz poderia esquecer e mais identificável que o presente da tua amiga, dei-te meu coração e aposto que nem imaginavas isto. E eu o dei a você mesmo antes de chegar seu aniversário, eu o entreguei antes até de saber quando era o seu aniversário, foi questão de segundos, foi só questão de te entender.
E assim como todos os presentes que recebeu, você brincou com ele, você o aproveitou ao máximo, você abusou dele, você o usou sempre que pode, você dormia com ele, você dava-lhe tanto valor. Mas como todos os presentes que recebemos, cada vez mais você se importava menos com ele, cada vez mais você o deixava de lado e se interessava por coisas que não tinha, até ganhar o que não tinha e começar a querer outra coisa. 
Ainda assim se lembrou dele vez ou outra e o estimava de alguma maneira, até o dia em que ele rasgou, foi esse o fim de mais um dos seus brinquedos, o fim de um brinquedo teu que agora está no fundo da prateleira, escondido, pois não se mostra algo quebrado às visitas. Agora só me resta torcer para que doe esse brinquedo a alguém que precise dele mais do que você.

Coração de pelúcia.

Você passa a semana a divertir-se com seus bonequinhos, perfeitos e plásticos. Com seus brinquedinhos brilhantes e chamativos. Sempre nas melhores festas, com outros bonecos e bonecas, perfeitos e plásticos. Sem nenhum defeito, afinal, sempre estar sorriso é uma qualidade, que vocês, perfeitos e plásticos, sempre prezam.
Dia após dia, compra alegria, você e seus brinquedos, exibem fotografias. Como são perfeitos - mas plásticos.
Sua vida, repleta de novas pessoas, novos bonecos, novas brincadeiras, cada vez mais perigosas, cada vez mais divertidas.
Perfeitos e plásticos, perfeitamente plásticos, corpos moldados sem o menor defeito. Sorrisos vazios sem o menor sentimento. Plásticos mas perfeitos. Perfeitos mas plásticos. Como você vê? O que você vê? Através desses olhos acrílicos, brilhantes e vívidos - mas não vivos.
Como está linda, como são lindos, lindos e lindos. Perfeitos um para o outro.
Mas cá entre nós, quando o plástico está frio demais para ti, quando a perfeição te é perfeita demais, procuras aquele pedaço da tua vida que tentas esconder de todos, aquela ilha imperfeita nesse mar de ilusão, quando a verdade vem à tona, e teu sorriso derrete, precisa dormir abraçada com meu coração de pelúcia, de pelúcia e imperfeito.