sexta-feira, 26 de novembro de 2010

A batalha pelo sorvete.

A guerra era intensa. Calda de chocolate voava por todos os lados. O número de feridos era imenso.
-Avante, tropas! - gritou o marechal Juquinha.
E partiram as tropas Juquinhenses. Rajadas de cobertura de morango eram atiradas, bananas-split de dinamite eram implantadas na base inimiga, tirando de ação sempre os mais rechonchudinhos, que paravam para comer.
Mas por outro lado havia a resistência, comandadas por Fabinho, um ex-coronel e agora rebelde (rebelou-se porque preferia sorvete de milho, e não de chocolate como Juquinha). Foram então ao ataque o pelotão de Fabinho, em menor número mas com mais fome. Arremessaram granadas de granulado no meio do batalhão inimigo, derrubando diversos garotos por causa de uma forte dor de dente.
Juquinha, que além de grande estrategista era bom no campo de batalha, pegou uma casquinha e atirou sorvete napolitano em grande parte dos soldados rebeldes. Mas foi enquanto atirava que caiu repentinamente. Havia sido apunhalado, quando olhou para trás viu Carlinhos, o menor da turma, atacando-o com um picolé, um picolé sabor milho ainda por cima.
-Meninos! O almoço está pronto! - gritou a mãe de Juquinha e Fabinho.
Então eles e seus amigos entraram, era um farto almoço, mas não se importavam com isso. O que mais esperavam era a sobremesa...

A batalha pelo sorvete.

Era um dia ensolarado e quente. O playground estava cheio de crianças em férias escolares brincando e gritando, enquanto suas mães os observavam.
O "Tio do sorvete" - como as crianças o chamavam- não conseguia 1 minuto de paz. A cada 5 segundos uma nova criança, geralmente acompanhada da mãe, aparecia pedindo um sorvete. E, embora o Tio não tivesse descanso, sempre as atendia com um sorriso no rosto. Até que um dos garotos mais conhecidos do bairro foi comprar um sorvete. Era chamado por todos por Juninho. Juninho era adorado pelos amigos, sempre compartilhava seus brinquedos e ajudava quem precisasse. Mas, mesmo sendo um bom garoto, não hesitava em apelar para a força contra os mal-feitores.
-Tiio, ô Tiiiiô! Me dá um sorvete de chocolate. Tá tão quente! - Pediu Juninho abrindo a boca pelo calor.
-Ah, Juninho, tá na mão! - Respondeu o Tio do sorvete balançando o bigode como sempre fazia.
-Tio, também quero um! - Disse alguém atrás de Juninho. Era Gustavo, o valentão do playground. Gustavo era grande para sua idade e, por isso, atormentava os garotos menores sempre que pudia. Ele e Juninho eram arquirrivais.
-Pode deixar, Guto. Dois de chocolate saindo! - Mas ao verificar seu carrinho de sorvete, o vendedor levantou-se com uma cara de quem comeu um picolé de jiló.
-Poxa, Gustavo, só tem um... e o Juninho chegou antes. - Disse com um ar desapontado.
-Não quero saber! Eu quero o sorvete! - Gustavo, urrou, ficando rosa como um leitão.
-Ei! Gustavo! Calma lá. - Falou o Tio ajeitando seu boné vermelho. -Se continuar assim, te bano do carrinho de sorvete. Se quiser, tem de morango, limão e uva. Toma o seu Juninho. - Disse o tio pegando o sorvete do garoto.
-Valeeeu, Tio. Toma a grana. - E entregou uma nota de 2 reais ao sorveteiro.
-Xii, Juninho, você foi na casa do teu primo ontem, né? Eu avisei pra turma que o sorvete agora tá 2,50...
-2,50?! - Exclamou Juninho. - Ai, segura o sorvete, Tio! Eu vou pegar o dinheiro e já volto. - E correu como uma flecha para casa. 10 segundos depois já voltava com um sorrisão no rosto e 50 centavos na mão.
-Aê, Tio. 2,50! - E entregou a moeda.
-Eeeei, agora o sorvete é meu! Você foi embora e voltou! Perdeu o lugar. - Disse Gustavo com ar de triunfo.
-O quê?! Deixa isso, Tio?! Eu já tinha comprado, só fui pegar o dinheiro! - Replicou Juninho raivoso.
-Vixi, e agora? - Respondeu o Tio coçando sua careca embaixo do boné.
-Já sei! - Disse Juninho com um brilho nos olhos. - Vamos fazer uma batalha pelo sorvete! Três provas, quem ganhar, leva o gelado!
-Cai dentro, Tampinha. - Disse Gustavo.
-Demorou, segura o meu sorvete aí, Tio. - E Juninho saiu correndo.
-O meu sorvete! - Gustavo falou enquanto ia atrás do menor.

Alguns minutos depois estavam os dois preparados para a primeira prova. Lado a lado na rua de baixo, onde aconteciam as corridas. Toda a galera estava torcendo por um ou por outro, até que Laroca jogou a pedra pro alto, quando ela caiu, os dois sairam correndo. No começo Gustavo tentou derrubar Juninho, mas o garoto era escorregadio e saiu por debaixo do maior. Deu a curva pela casa da Senhora Carvalho e perdeu Gustavo de vista. Na chegada, Gustavo chegou sem ar, enquanto Juninho comemorava sua vitória saltitando.
- Ah rá, uh ru. O sorvete é me-ú! - Dizia o garoto para todo mundo ouvir.
Gustavo não gostou nada disso. Mas sabia que a próxima prova era dele.
Eles foram para a caixa de areia, onde iriam fazer uma luta de sumô na areia, o primeiro a sair do círculo principal perdia. Juninho bem que tentou, de um lado e de outro, mas Gustavo não saia do lugar. Até que Gustavo deu um grito, pegou Juninho pela cintura e o mandou beeem longe.
- Uuuhm, já posso sentir o gosto do sorvete. - Disse o menino rindo.
Juninho apostava tudo na última prova.
Na prova final, os dois penduravam-se no macaquinho, o primeiro a soltar, perde. Juninho estava aguentando bem, pois era mais leve que Gustavo, mas Gustavo era mais forte e podia aguentar muito mais. Juninho, no finalzinho, fraquejou e soltou, um pouco depois Gustavo também desistiu, como Gustavo era maior, os pés dos dois tocaram o chão ao mesmo tempo. Laroca, que sempre gostava de organizar as coisas, acabou decidindo que foi empate!
-Empate? E de quem é o sorvete? - Disse Juninho.
-Bom... não sei! - Respondeu Gustavo confuso.
-Olha, não quero me intrometer, mas e se dividissem? -Disse Laroca querendo sim se intrometer.
-Ah, melhor que nada, né. - Juninho falou correndo para o carrinho de sorvete.
-Dividir? Pelo menos ainda tenho meio sorvete. - Respondeu Gustavo indo atrás do outro garoto.

Ao chegar no carrinho de sorvete, que surpresa os dois tiveram! Estava o Tio somente com um palito de picolé na mão e uma poça marrom no chão.
-Xiiii, vocês demoraram tanto pra se decidir, que acho que o sorvete derreteu!
E os três riram de toda essa batalha por um palito de sorvete.