terça-feira, 26 de julho de 2011

Laranja.

Acima de mim laranja
mas não pode ser, o céu é azul não laranja.
Ela me disse que algo amanheceu fora do lugar,
eu não sabia se era em mim ou no mundo, e preferi não perguntar.

Continuei meu dia, ligeiramente diferente,
mais laranja.
Abri a torneira e, novamente, surpresa.
A água que escorria - ao invés de incolor -, sim, laranja.

Eu não sabia como reagir. Era tudo
tudo tão estranho e normal.
Era laranja, mas não fazia bem nem mal.
Só era laranja.

Na dúvida eu corri,
ri.
As árvores, os cães, a rua e as nuvens.
Laranja, laranja, laranja, laranja.

O cinza da cidade agora era laranja,
os táxis amarelos, laranjas e laranjas.
Mas as folhas outonais das árvores marginais, como estariam?
E para minha surpresa, laranja também eram.

Cansado desse enigma sem sentido,
na beira do lago me vi refletido.
Na água laranja eu vi algo ainda mais espantoso,
um sorriso flagrante no meu rosto!

Acordei.
Então era um sonho, nada mais que isso.
Fui tentar me levantar mas estava preso,
você ainda me segurava,
e eu dei um beijo de bom dia nos seus lábios laranjas.

Laranja.

Eu sempre fui diferente,
Um garoto laranja entre gente normal.
E ser laranja, convenhamos
Nunca foi coisa legal.

Num mundo de gente doce ou azeda,
Eu era ambos.
Mas não me encaixava, eu não fazia parte,
Era odiado por todos.

Sou laranja, e gosto de laranja,
Mesmo que nunca venha a ser como o vermelho,
Uma cor quente e tocante,
Gosto do que vejo no espelho.

Eu amo laranja, e sempre amarei,
Sou assim dos pés à franja.
Eu amo laranja, mas os outros não,
Porque, acima de tudo, ninguém fica bem de laranja.