sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

É assim que se diz adeus.

Adeus,
simplesmente assim, tão fácil.
Mas eu não pude, eu não consegui,

Eu disse 
"adeus"
sorri e lhe beijei, para te ver no dia seguinte,

Escolhi subverter, 
mudei o mundo todo pra não te esquecer.
Adeus.

Adeus,
que diferença faz agora?
Se ver-nos-emos, logo, quando for embora.

Mas você sempre dá um jeito, querida,
e se a palavra não basta, nos seus olhos eu vi o 
adeus.

E agora você se despediu, deu seu
adeus,
e me deixou, mas pra mim ainda estás aqui.

Mas um dia eu juro que me desfaço,
e te um poema eu te faço,
que comece e termine com
adeus.

É assim que se diz adeus.

Talvez seja o momento de ponderar,
Todos ponderam ao final do ano,
Acredito que seja o momento de ponderar.

Bem, quantos amores nasceram nesse ano?
E quantos morreram?
Ainda mais, meu amigo,
Quantos duraram esse ano?
Sim, talvez essa seja a parte mais importante,
Quantos amores frágeis temos amado,
Impacientes, egoístas, incoerentes,
Amores mensais, semanais, diários,
Que amar por um ano talvez seja um exagero
(Imagina só amar por cinco).

É certo, regrar o amor é ainda mais absurdo que todos amores irresponsáveis,
Mas, bem, por vezes temos abusado.
E agora, tão perto do fim, que faremos?
Pensa na garota que amou por só um segundo,
Valeu a pena?
E não me venha desviar-se do assunto a citar Fernando Pessoa,
Eu sei que citá-lo-á a qualquer momento,
A deixa que lhe dei é demasiadamente boa.

Se valeu, o dia em que a amou valeu,
E, se esse dia foi bom, a semana igualmente,
Consequentemente, a semana desse dia salvou o mês,
E esse mês há-de ter sido o mês que fez desse ano um ano bom.
E, convenhamos, um bom ano é mais que suficiente na vida que vivemos.
Tão fria.

Muito embora o nosso fim de ano não seja frio,
Construíram essa imagem, impuseram essa imagem,
Aceitamos.
Precisamos de um incêndio, eu acho.
O amor congelou, parou no tempo.
A alegria, os sonhos e as esperanças também.
Eu entendo, incêndios são coisa má,
Eu entendo, tais coisas não devem ser defendidas,
Mas precisamos.

Precisa-se de sonhos,
Ou melhor, sonhadores.
Acordar? Coisa de louco.
Pense, meu amigo, em quanto perdemos vivendo,
Enquanto vivemos, tanto perdemos,
Trabalhar? Pagar contas? Preocupar-se?
Eu preciso manter-me em paz, em casa,
Preciso de literatura, preciso de arte,
Preciso de amor e de sonhos.

É, meu amigo, tente ignorá-los.
Voltemos ao nosso fim.
Primeiro de tudo, mantenha a calma,
Não entre em pânico,
E, se preciso, corra.

Mas enquanto o fim não vem,
Por que não falamos do que aconteceu?
É, agora você queria voltar atrás e aceitar aquela proposta,
Você não queria ter passado tanto tempo naquele escritório,
Você preferiria ter se arriscado,
Passado mais tempo comigo e com os outros,
E, sobretudo, com ela.

Como as coisas seriam melhores, meu amigo,
Se apenas tivéssemos acreditado no que disseram:
Jesus há-de vir salvar-nos.
Nesse momento estaríamos despreocupados,
Não haveria como dar errado.

E hoje, cá estamos, dando risada de tudo,
Embora no fundo tenhamos mais medo que os outros,
Sabemos que não merecemos um final feliz,
Da mesma maneira como não mereceu um cachorrinho quando tinha sete anos,
Se lembra?
Ninguém mandou brigar com sua irmã.

Se bem que, pensemos bem, quem inventou essas regras?
Por deus, preste atenção.
De onde vem toda essa razão?
E de onde essa matriz tirou essa razão?
Somos apenas um monte de poeira estelar completamente despropositado,
Um umidificador de ar tem mais sentido que nós dois.

O problema apenas é que dessa vez o cachorrinho é a salvação.

Salvação? Perdição?
Espera um pouco,
Tudo isso é tão despropositado quanto nós,
O vencedor, o perdedor.
Não, isso também não me satisfaz.
Belo, feio.
Chega disso, estou exausto.

Exausto de quê?
Bem, sabe,
Disso, de tudo isso.
Sim, mas eu não vou parar.
Por que você não continua?

Olha, esse poema pode acabar por ser muito bom
Ou muito ruim.
O risco de ser muito ruim me assusta,
Talvez fosse melhor apagá-lo todo agora.
Mas o risco de ele ser muito bom atrai-me ainda mais.
Os críticos que decidam.

Os críticos literários.
Pessoas (mal) pagas para ver o que não existe,
Para ler palavras que não foram escritas,
Evidenciar sentimentos não sentidos,
Ouvir rimas nunca recitadas.
Os críticos literários fazem mais sentido que nós dois.

É, não faço ideia de que destino temos,
Só parece não ser coisa muito boa.
Eu não quero meu destino.
Destino.
Eu odeio essa palavra,
Prefiro o som do nome dela.

Mas, bem, vim aqui para dizer-lhe apenas uma coisa, amigo meu,
É chegada a hora,
Adeus.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

aMor

Meu deus, já não cansaraM de Me ouvir falar isso? taMbéM cansa-Me escrever poeMas tão iMaturos. chega de leMbrar dos dias que passaMos juntos, das horas, dos Minutos, chega de leMbrar de Músicas que Me Mostrou. é Melhor parar de uMa só vez, é Melhor dizerMos até Mais, chega de pensar que é a única coMpanhia que Me serve. MesMo assiM, MesMo depois de Mais de ceM péssiMos poeMas, ainda Me pego a pensar eM você, e coMo odeio isso, Meu beM, odeio chaMá-la de Meu beM, odeio dedicar-lhe poeMas, odeio leMbrar de você nas horas Mais Melancólicas, odeio pensar que você é Minha Melhor MeMória, odeio esse texto. Mas, aciMa de tudo, ainda te aMo, Meu beM (Meu deus, que clichê, apagueM isso o quanto antes). siM, eu a aMo, é a vida, Mas não pense que é Maravilhosa, não pense ser Mais do que é, marina. é apenas Mais uM de Meus Múltiplos probleMas. Mas, Mais iMportante, só Me responda uMa coisa, Meu aMor, eu era taMbéM o seu aMor? é Melhor não Me responder.

aMor

O amor não importa, não faz diferença. O aMor é tudo, é a razão. Quem liga? A vida é mais do que isso, não é? A vida é amar? A vida é aMar. Há uma leve diferença, logo perceberão, uma leve diferença, um detalhe, uma rima, um jogo de palavras, eu quero que prestem a atenção.
O amor todos sentem, não me levem a mal, mas é auto-explicativo, apesar de não ter explicações. Já o aMor é algo único, que somente os poetas mais aguçados podem ver, o aMor é incrível, mas eles nos fazem crer.
As palavras, os versos, a métrica, tudo tem um bom motivo, o melhor, o aMor.
Acreditem em mim quando digo que nunca sentiram isso, acreditem em mim quando digo que tudo mudará a partir disso, mais cedo ou mais tarde, o aMor tomará o mundo, o aMor entrará para a história, buscando apenas acertar o coração dela.
O amor já passou, saturou, o amor não acabou, o sentimento permanece vivo, mas precisou de algo novo, um sopro completamente planejado, tanto em intensidade como em forma.

O amor importa, o amor faz diferença.
Sem amor, não há aMor.
Sem aMor, que há?

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

A Avenida.

Você veio e eu dei passagem,
os sinais todos estavam verdes.
Abri pra você, todos os caminhos da minha vida,
e em troca, ganhei no coração uma avenida.

A Avenida.

Minha vida toda é uma avenida,
E, por deus, que trânsito.
Nessas ruas tão sombrias
Foi que a encontrei, perdida.

Não sabia para onde ia,
Nem eu sabia meu destino.
Mas andamos juntos
Até o acidente naquela noite fria.

Atravessávamos sem ligar para ninguém.
O problema é que exagerávamos,
Deveríamos olhar para os outros lados
E, nisso tudo, perdi meu bem.

Nessa avenida tão paulistana,
Consolação é apenas uma rua
E se foi ao paraíso, era apenas um bairro.
Mas ainda guardo uma vila só para você.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A Súcubo e o Serafim.

A noite cai nos céus, já é noite e ele vai deitar-se. Pensa sobre as coisas que deveria ter feito, pensa no que deve fazer no dia seguinte, é responsável. Pensa sobre coisas diversas, teorias de travesseiro e coisas similares, nada de extraordinário ou importante, ao menos para o mundo. Serafim enfim adormece.
Lá está ela, ela deitada sob ele, ela se entrega, ela é dele, ela é possuída, ela e ele, nada mais, o amor é puro. Mas ele perde tanto, agora é ela a tomar-lhe a vida, ele só faz pensar nela, ela só faz doer seu coração, ela lhe tira toda a atenção, não pensa em mais nada e ela não pensa nele, por que o amor há de ser assim, pecaminoso e ladrão das atenções?
Ou talvez não. Ele talvez não seja o herói que todos pensamos, apenas porque ele a ama ele a merece? Por Deus, e o que ele fez por ela alguma vez? Sim, ele deve respeitá-la, mas não precisa ser apenas um anjinho, tão sem graça e branco como a neve. A vida é mais divertida quando colorida. Ele precisa pintar, ele precisa alegrá-la e, porque não, sujá-la. Às vezes é necessário ser sujo sim, Serafim.
E ela, meu amigo, ela não é o pecado, ela é apenas o amor, há quem confunda os dois. Não, ela não precisa ficar necessariamente embaixo, dê-lhe a opção, ela pode sim ascender, ela é também digna disso. O fato de ela divertir-se não faz dela uma desvairada. Não, nada disso, apenas deixe-a ser assim, Serafim.

A Súcubo e o Serafim.

Personagens -

A súcubo - uma Súcubo do Inferno;
O serafim - Um Serafim do Paraíso;
Deus - O todo poderoso.

Cena -
Um lugar deserto, sem chão, sem céu, apenas o nada. O vazio da existência.

A SÚCUBO, olhando à sua volta
Onde estou?

O SERAFIM
Tu não estás em lugar algum, tu apenas estás.

A SÚCUBO, virando-se
Quem sois vós? Que queres dizer com apenas estou? Explique-te agora, não sabes com quem está lidando.

O SERAFIM
Uma Súcubo, em verdade, há tempos não via uma, ainda mais aqui, estás no Purgatório, pobre criatura, e o Purgatório não é um lugar, é um estado, uma condição de existência. Espanta-me que tenha chegado tão longe, afinal, és um demônio.

A SÚCUBO
Como sabes tudo isso?

O SERAFIM
Bom... Além de minha sabedoria inata, do meu conhecimento do que é sagrado, do sacrilégio e todo o resto, devo admitir que sou habituado com esse lugar. Sou mandado aqui de vez em quando para julgarem se devo permanecer no Paraíso.

A SÚCUBO
Um anjo... tens seis asas, sempre achei que anjos tivessem apenas duas como nós, mas afinal, sempre voltas ao Paraíso? E por que eu vim para cá dessa vez?

O SERAFIM
Sou um Serafim, da ordem os anjos mais próximos a Deus, não sou um mero anjo, por isso tenho seis asas, e por isso sempre volto ao Paraíso. Afinal, sou um anjo, és um demônio, não importa o que viestes fazer, voltará ao Inferno.

A SÚCUBO
M-mas, eu não mereço, nunca fiz nada de errado, nunca tive más intenções, são os outros que fazem o que é errado, eu apenas estou lá, eu mereço o Paraíso!

O SERAFIM
E eu, ao contrário, corro das coisas boas, o que é certo me dá asco, faço o que quero, quem liga? Mereço o Inferno, apesar disso, voltarei ao Paraíso, imagino até que estou aqui contigo para que aprendas algo, quem sabe, uma aparição de um anjo só pode ser uma benção. A aparição de uma Súcubo é mau presságio, é pecaminoso, entenda isso.

A SÚCUBO
Eu nunca, jamais quis fazer algo errado, mas os homens sempre me viam, me olhavam, com aqueles olhos, aquele olhar grotesco, eles faziam tudo, eu ficava quieta e aguentava, eles ficavam felizes no final... Eu queria poder fazer as pessoas felizes, mesmo que a esse preço.

O SERAFIM
E eu, ao contrário, apareço aos homens e lhes digo loucuras, mas minha aura, meu halo, todos acreditam cegamente, eles faziam o que eu dizia, sofriam e acreditavam ser o caminho do Senhor. Aqui, olhes para mim e para tu, vejas como somos iguais.
Desenrola as asas de seu corpo.

A SÚCUBO Se olhando e depois olhando o Serafim

Estamos ambos nus, mas...  somos diferentes, teu corpo... ele passa, pureza, ele é belo, ele é casto, eu... sou uma puta.

O SERAFIM
Succuba, em latim, prostituta. Não importa o que faça, será sempre uma Súcubo, eu sempre serei um Serafim - um ser nobre.

A SÚCUBO
Não! Eu vim para por algum motivo, eu tenho uma chance, eu sei que tenho, afinal, um Serafim apareceu para mim, mesmo que seja tu.

O SERAFIM
Sim, e tentas me seduzir, queres que eu peque. Eu, ao contrário, quero te guiar, iluminar-te. Não importa o que aconteça.
Aproxima-se da Súcubo, toma-a nos braços e a beija.

A SÚCUBO afastando-o

Pare agora! Não se atreva! O que dirás agora? Tentas me purificar? Levo-te por caminhos pecaminosos? Não, não mais.

Gritos de lamentação são ouvidos

A SÚCUBO

O que é isso? Quem são?

O SERAFIM
Ah, parece que chegaram a um veredito, as almas agora sofrerão o purgatorio ignis, se merecerem, queimarão seus pecados e vão ao Paraíso, se merecerem, queimarão no Inferno. Como és de lá, não sentirá nada novo, já eu estou imune por a serpente ardente de Deus, estamos salvos da salvação, querida. Apenas voltaremos de onde não deveríamos sair.

Uma luz cegante se alastra, quando os dois abrem os olhos, ainda estão no Purgatório

A VOZ DE DEUS

Eis vossa salvação e danação eterna.


As cortinas se fecham