terça-feira, 3 de maio de 2011

Sobre guarda-chuvas.

A chuva chovia chuvisco.
As gotas caíam frias na minha pele,
A chuva chove, encharca.

Eu estou sozinho, no meio da torrente.
Chuva, choro.
Estou sozinho na enchente.

Chateado, choro uma chuva.
Chocado, chove meu choro.

A chuva enche as ruas,
até que eu acho uma chama.
No meio da chuva, da escuridão,
alguém me ergue a mão,
que segura um guarda-chuva.

"Shhhh, não chore"
Ela me diz.

Chhhhh, ainda chove.
Mas eu não me molho,
porque ela me protege,
sob seu guarda-chuva.

E com ela eu espero,
pelo raiar do sol,
com ela eu aguento,
todo o mal.

Sobre guarda-chuvas.

Noutro dia estava a chover deveras
Era uma dessas tardes tão paulistanas.
E eu, a ver tantos guarda-chuvas
Comecei a pensar sobre tudo isso,
Cada gota que caía era um pensamento que surgia.

Aqueles objetos, tão simples
Com uma direta haste e uma triste tela
Parecem proteger as pessoas das vidas delas.
Mesmas pessoas que, sem eles estariam tão tristes,
Sob sua proteção são outras.

Queria eu ter uma proteção assim para todas as más coisas.
Façam-me guarda-sofrimentos, guarda-dores
Guarda-tristezas e guarda-corações-partidos.
E deixem que sobre mim chova alegria, que caiam os amores,
Que sempre ao meu lado fiquem meus queridos.