sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Uma família estranha.

Eles faziam parte de uma família de renome, reconhecida em todos lugares. Possuíam classe, isso era inegável, eram também uma família saudável e bonita, todos possuíam uma exuberante e natural beleza. Possuíam carácter, muitíssimo carácter, a classe deles não se restringia aos modos perante a mesa, eram sempre bondosos e faziam caridades apenas por amor ao próximo.
O pai era verdadeiramente patriarcal. Tinha exactos cinquenta anos, era um líder tanto dentro de casa quanto em seus negócios, sempre que alguém queria uma referência, tanto de como viver sua vida pessoal quanto viver sua vida profissional, ele seria o exemplo a ser seguido. Mesmo sendo um homem bastante austero e super bem sucedido em sua carreira, ele nunca deixou de ser afectivo e sempre cuidou e amou sua família.
A mãe era a grandíssima mulher por detrás daquele grande homem. Apesar de já ter mais de quarenta anos de vida, a beleza era flagrante naquela dama, em sua juventude havia de ser lindíssima, tinha olhos cristalinos e cabelos de ouro, é claro que àquela idade já estavam desgastados, mas isso não tirava o esplendor dela. Mas mesmo se tirasse, esse esplendor seria devolvido graças à sua sempre materna bondade. Amava seu marido e seus filhos apenas por amor, cuidava das crianças tal como faria uma coruja, mas nunca tirando a liberdade deles.
A filha mais velha era o orgulho da casa. Uma moçoila de dezassete anos, herdeira da beleza de sua mãe, com olhos que mais parecem pedras preciosas, cabelo macio como nuvem e brilhante como ouro. Era deveras estudiosa, sabia de tudo como ninguém, sempre que a encontravam a pueril sábia trazia sob o braço um livro, seja de filosofia, biologia ou qualquer outra coisa, mas ela sempre estava a estudar.
Por último vinha o caçula. Tinha onze anos, era um pouco serelepe, mas nada que não fosse natural naquela idade. Apesar das brincadeiras, era flagrante que ele era um bom garoto, adorava cuidar dos animais, tinha muitos amigos e em suas brincadeiras sempre dava oportunidades iguais a todos, sempre fazendo com que os perdedores se recompusessem e dando o devido valor aos vencedores, sempre com justiça. Ele seria um líder nato quando atingisse a idade adulta.
Eles eram uma família diferente, uma família tão boa que era vista como estranha. Seus malignos e desonestos vizinhos os viam como uma ameaça àquela sociedade que já estava ganhando poder a partir dos roubos e mentiras. Eles eram uma família estranha.

Uma família estranha.

Vou contar para vocês de uma estranha um pouco... digamos, estranha. Ela é diferente de tudo que eu já vi antes. Não absolutamente, naturalmente, porém bastante... estranha. Começarei pelo "menos pior", para que vocês não entrem em choque quando chegarem à derradeira estranheza da família:
A filha mais velha dessa família; é uma moça direita, nada muito diferente de uma garota comum. Age sempre amistosamente com todo mundo; sempre sorri; gosta de algumas músicas que todo mundo gosta - embora não sejam suas predilectas -; gosta de sair; de dançar; de flertar. Porém, ao contrário de uma garota normal, ela também lê, e eu não estou falando de Crepúsculo ou Harry Potter - pois isso não seria nada estranho -, mas sim de Senhora ou Dom Casmurro! E isso já é suspeito. Ela gosta de videogames, só que não joga somente wii, joga Playstation, Xbox e o que estiver à mão, desde que a entretenha, o que é bem suspeito. As bandas que ela é fã, ela é bastante fã - normal-, sabe as músicas, vai aos shows, compra os CDs. Porém não se mata de amores por eles, não se diz ser a esposa do vocalista/guitarrista e não diz que sua vida acabou porque o guitarrista/vocalista está namorando com a nova actriz de Malhação - e acabará dentro de 3 meses e contando. Enfim, ela é bastante normal, mas um pouco diferente. Vale dizer que ela é uma garota trabalhadora que nunca utilizaria de sua beleza para ganhar algo que não merece por suas qualidades, o que também é beeem estranho. E não mencionarei o facto dela não ficar com qualquer um que apareça e gostar de relacionamentos sólidos, pois isso chega a ser estranhíssimo.
O segundo que mencionarei é o irmão do meio. Garoto estranho esse, estuda muito; lê muito; escreve muito; não gosta de sair; não gosta de beber; das músicas da moda; da moda em si. Pretende fazer matemática. Matemática!! Quem faz matemática? Além de gente estranha... costumeiramente os esquisitos da família, porém aqui ele é bem motivado por sua família, gente estranha. Ele gosta de música, pretende ter uma banda, o que até o salva. Entretanto ele não deseja fazer sucesso com , não, ele quer ser o guitarrista/vocalista de uma banda que faz uma música que não se vende, que faz música pelo prazer - e eu nem sabia que esse tipo de coisa existia hoje em dia.
Depois vem a caçula, é uma criança apenas, e, por mais estranho que pareça, age como criança! Brinca; corre; pula; sua; se machuca; chora; brinca. Ela não gosta de computadores, embora seus amiguinhos da escola já tenham 300+ amigos no orkut. Não vê necessidade para celulares, embora suas vizinhas troquem de celular de 3 em 3 meses. Brinca e se diverte como uma criança normal, o que é bem, bem estranho.
O pior para o final: Os pais. Sim, falarei dos dois juntos, pois, embora seja uma cena bizarra, eles estão juntos, os três filhos são seus, e o relacionamento já dura mais de 20 anos! Ok, isso não é tão estranho... mas o facto é que eles estão juntos por puro amor! E, Deus meu, amor? Amor é invenção de gente estranha, quem ama hoje em dia? Em pleno século XXI? E o pior: eles amam um ao outro e amam sua família. Eles comem juntos sempre que podem, porque gostam! Quem gosta de comer com a família? Quem aprecia a presença da família? Eles conversam sempre; sorriem; divertem-se; tudo junto. Os pais, os filhos, a família, todos unidos, sempre, porque "gostam" - ainda não consigo acreditar que alguém realmente goste- da presença uns dos outros. Uma família, no mínimo, muito estranha.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O céu.

Olhei para o céu solitário
Vi apenas branco e azul
Nada demasiado, só isso
Branco, azul e aviões.

No vazio céu procurei
Algo diferente do normal
Alguma resposta ou solução
Mas nada me aparecia.

Estendi minha descrente mão ao céu
Mas ninguém estendeu nada de volta
Estou sozinho então
Mas porque dizem que não?

O céu.

O céu.
Foi para lá que eu olhei,
e foi lá que os vi:
Os pássaros.
Voando livres.
Livres. Voando.

Por entre as nuvens,
sem destino, sem compromisso.
Pudera eu ser um pássaro,
para ser livre e poder voar,
bem alto,
no céu.

"Pudéramos nós ser como ti,
livre para ser o que quiser,
com seus sonhos e ambições,
poder voar com sua imaginação
e perder o chão com o coração.
Afinal, nós pássaros não somos como vós,
que sois tão humanos,
com sentimentos,
com emoções.
Livres para serem o que quiserem,
para voarem como um pássaro,
nadarem como os peixes.
E serem completos,
como todo ser humano é:
humano."
Eles me responderam,
olhando para cá,
para o chão.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Ano novo.

E o ano acabou. Mas vem aí um ano novo, ou nem tão novo assim. Digo isso porque se pararmos para pensar, embora os consideremos "novos", eles tem diversas repetições.
Nos termos esportivos, o Campeonato Paulista será vencido por um dos quatro grandes, o Carioca provavelmente terá uma final entre os grandes e, obviamente, vencida por um também. O Gaúcho será vencido por um time da dupla Gre-Nal e o Mineiro também será vencido por um grande (isso apenas se você considerar o Atlético grande). E o Campeonato Brasileiro será "um dos campeonatos mais disputados do mundo", mas não por causa de um altíssimo nível técnico, e sim porque os candidatos ao título perderão muitos pontos bobos em jogos considerados fáceis. A seleção masculina de Vôlei vencerá tudo. Já a feminina, elas irão bem, mas perderão um título no Tie-Break ou algo parecido. Todos acreditarão na volta daquele Basquetebol da época de Oscar, Hortência e outros, mas perderemos novamente. Já as seleções de Handebol ganharão tudo na América e perderão tudo fora dela.
Quanto ao entretenimento, teremos mais do mesmo. As pessoas assistirão o Big Brother, embora ele seja completamente repetitivo. Big Brother esse que baterá os recordes de ligações nas votações. As pessoas falarão que o humor brasileiro está uma droga, que apenas um ou dois programas salvam-se, apesar de continuarem assistindo todos os programas. Na música surgirá outra moda adolescente que será criticada por muitas pessoas e adorada por mais pessoas ainda. As novelas da tão repudiada e, ainda assim, líder de audiência Globo serão repetitivas. A das 6 será uma novela de época totalmente piegas, a das 7 tentará ser engraçada, mas ficará apenas na tentativa, já a das 8 buscará, de um modo falho, abordar assuntos sociais. Na novela das 8 também haverá um assassinato, e todos perguntar-se-ão "Quem matou fulano?".
Agora: as notícias. São Paulo baterá recordes e mais recordes de congestionamento. Haverão problemas com o crime no Rio de Janeiro. Ocorrerão tragédias do tipo "Caso 'nome da pessoa' ", aquelas em que todos ficam abalados e não conseguem acreditar nem imaginar como um pai/marido consegue fazer tal atrocidade com o próprio filho/esposa e vice-versa. Mas também tem os desastres naturais como: desabamentos, enchentes, ciclones, tsunamis, terremotos, epidemias, pandemias etc. A economia mundial terá lá seus probleminhas, assim como a política, com alguns atritos entre alguns países.
A China apenas crescerá, já as Coreias continuarão a se odiar. A política interna brasileira não terá mudanças drásticas, com mais casos de corrupção, tráfico de influência e nepotismo.
Por fim, um Feliz Ano "Novo", mesmo eu nem lembrando de que ano que estou a falar.

Ano novo.

O ano estava acabando, e enquanto ele partia, um novo chegava. "Ano novo, vida nova" ele dizia assim como todos. O ano novo sempre trazia essa sensação, essa renovação. "Esse será o meu ano" ele pensava, todo ano. Mal podia esperar, o ano estava para chegar, o ano novo vinha mudar tudo de novo.
10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1!
E assim que o relógio acusou 00:00, assim que a última página do calendário caiu, assim que o ano velho ficou p'ra trás e do horizonte distante o ano novo surgiu, sua vida começou a mudar: os problemas que tinha com seus pais foram se resolvendo, suas notas na faculdade passaram a melhorar, conseguiu arranjar uma namorada, começou a trabalhar n'um lugar melhor. Sua vida melhorou no instante que o primeiro segundo do novo ano passou, ele não fez nada, não precisou fazer nada. Só por ser um novo ano, sua vida já melhorou, só porque o ano passado ficou p'ra trás, os problemas foram junto.
Ano novo, vida nova.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Existência.

Não penso, logo existo.
Penso, logo faço tudo, menos existir.
Penso, logo sou tudo, menos natural.
Afinal, o que mais natural
Que simplesmente existir?
Sem pensar em mim,
Ou na existência.
As flôres e as árvores existem,
Mas não pensam.
Elas são uma com a Natureza,
Que também não pensa.
Elas existem e eis tudo.

Pois só vivo e existo.
Não penso ou filosófo.
Só vivo a vida,
Existo a existência.
E deixo os pensamentos,
As reflexões,
Para quem insiste em pensar
E se preocupar
E esquece de existir.