terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Poema da flor.

N'um triste e cinza jardim,
vejo uma flôr manhosa.
"Nunca vi uma flôr assim!
É mais bela que uma rosa."
Digo surpreso.
"E tão perfumada quanto uma violeta.
Será que posso levá-la para casa?"
"Por que não tentas?"
"Oh! Você fala! Não me diga."
"Falo sim, mas são só palavras...
sou frágil como uma margarida."

E todos os dias encontravamo-nos lá,
e perdiamos horas a conversar.
Com seu brilho ela me fez seu girassol.
Só queria saber dela, esqueci dos amigos e do futebol.

Um dia eu finalmente fiz a pergunta que tanto me atiçou:
"Responda-me algo, que flôr tu és, pequenina?"
"Oh! Que flôr sou?
Oras, flôr nenhuma... sou apenas uma menina."

Poema da flor.

Querida, acaba com essa dor
Volta para encher minha vida de alegria
.
Mas não voltarás, não és mais minha
Foste brotar em outro jardim.
Vai então, minha flor
Florescer em outro coração.

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Meio-dia.

Badalaram as doze batidas no meu coração. Porém, dessa vez eu não precisava correr. Dessa vez eu fiquei, fiquei e contemplei tua beleza. Contemplei você, você que era meu meio-dia, que era tão calorosa comigo, que trazia tanta luz, tal como o meio-dia.
É, querida, você era o meio-dia, e o dia era minha vida. Aquele dia que era até então pacato e um pouco frio ganhou luz, ganhou calor que aqueceria meu coração a partir daquela hora. Você foi meu meio-dia, a hora divisora entre meu dia e minha tarde, entre aquele Lucas infante, inocente e ingénuo e esse outro Lucas, quase-adulto, maduro e mais sábio.
E é por isso que eu tinha medo do escuro, por isso que não queria mais o frio, desejava apenas o calor do sol das doze horas, queria a tua luz, querida.
Mas mesmo assim anoiteceu.

Meio-dia.

Bateu meio-dia e eu ainda não comecei escrever. Faz meia-hora que olho para a folha em branco. Estamos no meio da semana e nem comecei a arrumar meu quarto. Chegou o meio do mês e não continuei a dieta. Já é o meio do semestree não iniciei os estudos. É o meio do ano e ainda não arrumei um emprego. No meio da década! Não saí do lugar. Estou no meio da minha vida... e não comecei a viver.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Meia-noite

00:00 acusa o relógio.
E eu poderia fazer um desejo,
dizer o que quero...
Para ser bem sincero,
só peço tranquilidade.
Paz, na verdade.
Pois meia-noite é hora de descanso,
eu estou cansado, mas o mundo não fica manso.
Então eu aproveito o ensejo e danço.
Com isso, meu pedido eu alcanço.
Afinal, à luz do luar,
quando começo a dançar,
não sobra espaço para o ódio.

Meia-noite

Badalaram as doze batidas
Eu não era Cinderela
Mas era chegada a hora da partida
Era chegada a meia-noite, hora de mazela.

Passei apenas meia noite contigo
Que tirou meu sono por mais outras mil
Teu amor tornou-se meu castigo
E aquela noite, tão inverossímil.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Pinóquio da vida real.

Então ela perguntou, cheia de insegurança.
-Dize-me, mesmo depois de todo esse tempo, depois de todo mal que te fiz, ainda me amas?
-Não. Não te amo mais, e fico triste ao pensar que posso nunca mais te amar, que posso nunca mais amar a ninguém. - respondeu o garoto, estoico para a maioria, mas ela sabia muito bem que por dentro ele chorava.
-Jura? Não ama-me mesmo? - perguntou mais uma vez a garota, mais insegura do que no primeiro questionamento.
-Juro. Eu perdi todo esse amor. Toda aquela alegria que tomava conta de mim quando eu te via foi embora, e a culpada é você.
-Não, não podes estar dizendo a verdade, tens de estar mentindo! - a garota já estava praticamente a gritar, tamanho o desespero de estar perdendo-o - Éramos tão apaixonados, dizias coisas tão lindas para mim, escrevias poemas tão belos tendo a mim como musa. Não! Não podes estar dizendo a verdade, estás mentindo, não vás, por favor, amor...
Essas últimas palavras foram pronunciadas com a garota já em prantos enquanto se ia debruçando-se e caindo aos pés do amado, tentando segurá-lo ali, tentando evitar a já iminente partida de seu amor.
Mesmo com todo o esforço da menina o garoto foi embora, mas aquelas últimas palavras ecoavam em sua cabeça "estás mentindo".
Seu nariz não havia crescido, mas ela sentiu que ele mentia. De fato, aquela garota o conhecia melhor que qualquer outra, mas ele tinha de ir embora...