terça-feira, 13 de novembro de 2012

Balé.

Ele dava passos firmes, passos concisos, precisos, dava meia volta, e fazia tudo de novo. 
Ela aparece, de fininho, na ponta dos pés, como se pisasse em frágeis nuvens.
Ele se vira e a nota, pára, mantem-se ereto e abre os braços. Suas pernas se movem como asas de beija-flor e ela pula nos braços dele, dão voltas sobre seus pés e sobre o chão que some por alguns instantes. 
Riem, sorriem, param devagar. Um beijo na testa, um rosto corado. 
As mãos não se soltam nem por um segundo, inquietas, conhecem-se, reconhecem-se, os dedos se entrelaçam, se cruzam, se prendem; apertos, beliscões (piscadelas).
Os lábios dela se movem rapidamente, ela para por alguns instantes, mas sempre retoma. Os lábios dele se movem devagar, hesitam, abrem por alguns instantes e fecham novamente. Os dois mordem os lábios sem perceber.
Olhar vago, perdido, evitava olhar para ela diretamente. Olhar decidido, predador, sempre encontrava os olhos dele.
Um sorriso, um riso. Que sorriso.
Ela meneia a cabeça para que ele se aproxime, ele se aproxima. Ela fala, ele fala, eles falam.
Ele se aproxima. A respiração pesada. 
Ela se aproxima. O sorriso nos lábios. 

Eles sorriem e nada mais importa.
Beliscões, mordidas, beijos, sorrisos.
Envolve-a em seus braços, cobre-a de proteção e de carinho. 
Aninha-se no peito dele, os lábios se movem devagar, mas o coração corre mais que nunca. 
Ele se aproxima mais, sorri, sorriem. Ele a observa por partes, ele a toca; a sente; a tem, ao seu lado, em seu coração, em sua memória. 

A noite dura uma vida, uma vida inflamada, vivida, que passa rápido mas deixa marcas em todas as que encontrou. 

Ele precisa soltá-la, mas suas mãos não se soltam.
Ela precisa ir embora, mas seu coração não quer, eles se despedem, se prendem, se soltam,

 as cortinas se fecham e todos aplaudem, mas elas não abrem novamente.

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