sexta-feira, 11 de março de 2011

Na estação.

Na estação ele mantinha-se inerte, sempre em seu canto, apenas assistindo e contentando-se com o espectáculo da vida. Via centenas e mais centenas de pessoas a passar, de um lado para o outro, sempre a ignorá-lo.
Já ele não as ignorava, ele sempre prestava atenção em todas, uma por uma. Ele sempre pensava naquelas pessoas apressadas, de onde vinham e para onde iam, se alguém os esperava em seu destino. Ele pensava ainda mais naquelas pessoas que não passavam correndo, naquelas que chegavam e ficavam lá, esperando alguém, perguntava-se por quem eles esperariam, e por quanto tempo esperariam. Achava estranho quando esperavam demais por alguém que não chegava, mas, ironicamente, ele não estava em condições para medir tal estranheza, visto que esperava a mais tempo por uma mudança em sua vida, mudança que assim como aquelas pessoas, nunca chegava.
Na estação ele mantinha-se, estacionário. Passavam os trens, mas ele não queria tomá-los, ele não queria deixar aquilo para trás. Passavam as estações, mas ele não mudava, ele não queria se deixar para trás.

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