terça-feira, 7 de junho de 2011

Hoje, ontem ou amanhã.

Hoje eu faço e luto pelo que quero.
Ontem eu fiz ou deixei de fazer.
Amanhã farei mais, espero.

Hoje eu continuo os planos,
que Ontem eu comecei,
e Amanhã verei se foram acertos ou enganos.

Hoje ainda pode mudar,
Ontem já está gravado,
Amanhã pode nem chegar.

Hoje, Ontem ou Amanhã.

Ontem é uma lembrança.
Amanhã, esperança.
Mas hoje eu vivo.

Hoje, ontem ou amanhã.

Acordei tão feliz, saltitante.
Fiz o que sempre faço.
Fui aos estudos e ao trabalho.
Fiz uma prova, provei meu valor.
Eu sempre ser assim.

Acordei tão triste, cabisbaixo.
Fiz o que sempre faço.
Fui aos estudos e ao trabalho
Fiz uma prova, completamente desastrosa.
Eu queria mudar.

Acordei tão alheio, nada me importava.
Fiz o que sempre faço.
Fui aos estudos e ao trabalho.
Fiz uma prova que nada provava.
Eu queria parar de pensar.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Greve.

Greve. Greve de fome. Greve geral. Greve que para a cidade toda.
Estou em greve, greve de vida. Se a poesia é a expressão dos sonhos, a prosa é a cópia de nossas vidas. Não posso escrever, assim. Não vivo, apenas existo.
Se há greve ou não, a mim pouco importa, apenas coexisto. Vivo na política do alheamento, sou alheio a tudo em minha volta. Não os incomodo, não me incomodem.
Sou greve. Estou parado há tempos. Não mais vivo, não mais amo. Sou greve, greve de amor.
Mas um dia essa greve haverá de chegar ao fim, basta cederem às minhas reivindicações, e são simples: quero um aumento de cem por cento no amor, na alegria e na amizade. Mas devo admitir, entro em certa contradição, ou em algo paradoxal. Se aumentarmos em cem por cento o zero, em nada chegaremos.

Greve.

A multidão enfurecida se aglomerava em frente da estação. Os portões fechados traziam faixas dizendo que o trem não funcionaria naquele dia. "Estamos em greve".
Eles gritavam, rugiam, mas ninguém dava uma explicação, ninguém estava disposto a agir. Todos só se inflamavam mais e mais. Gritavam, rugiam, quebravam os vidros, o caos estava tomando conta.
Um funcionário, então, apareceu do lado de dentro da estação, protegido pelos portões e correntes.
"Parem logo com essa greve!", "Todos estamos sendo prejudicados", a multidão dizia.
- Bem, nós só queremos um aumento, não é muito, só queremos mais dinheiro e, assim, ninguém sairá prejudicado. Vocês poderão ir ao trabalho tranquilamente e a sociedade continuará nos seus eixos.
Ninguém queria ouvir ninguém, afinal, os dois lados estavam errados e os dois estavam certos, dependendo de que lado você estivesse. A greve não tinha hora para acabar, assim como os civis não pretendiam ir embora. Até que um deles, de repente, como se por uma epifania, parou e sentou-se. Calmamente sentou-se. Os primeiros perceberam como ele destoava do grupo e o questionaram sobre.
"O que você está fazendo?", "Você está bem?" Perguntaram.
- Eu estou em greve. Foi a resposta.
"Greve?!" "Como assim?"
- Estou em greve, não amarei mais.
Eles pararam, ponderaram, e se sentaram.
Enquanto isso, um por um, ao perguntar e receber a resposta do porquê de estarem sentados, sentavam-se também e não falavam nada. Só olhavam para o vazio e o infinito. Até que não sobrou um contra-greve sequer.
Os grevistas perceberam que o caos parara e foram verificar o que aconteceu.
À primeira vista foram cautelosos e tentaram falar com as pessoas que estavam sentadas, mas não receberam nenhuma resposta. Eles saíram e indagaram ao jovem que estava sentado no centro de todos.
- Estou em greve.
- Em greve? Mas nós estamos em greve. Disse um dos grevistas.
- Sim, estão, ninguém poderá trabalhar por vossa culpa. Mas eu estou em greve de amor, não amarei mais.
- Não amará?
- Sim, eu e todos os outros que estamos sentados aqui.
O grevista parou e olhou para a multidão vazia, cheia de falta de amor. Disse para um colega.
- E como continuar vivendo com uma greve dessas?
E sentou-se.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Uma solução.

Amor:
Uma solução para minha dor.

Uma solução.

Tenho uma vida irritante.
Gente irritante, problemas irritantes
Eu mesmo irrito-me, por vezes.

Acharei uma solução.
Carregá-la-ei em meu coração.

Tenho problemas amorosos.
Amo-a.
Ela não me ama.
Claro como água,
Doloroso como um espinho.

Ainda encontro uma solução
Deve ser algo direto, rápido como explosão.

Tenho problemas psicológicos.
Acredito que todos conspiram contra mim
E que todos sempre estão a falar de mim.
Sou também pessimista.
Teimo em não crer em mim mesmo.

Acho que encontrei uma solução
Irei engatilhá-la em minha direção.

Tenho problemas sociais.
Não sei viver em contato com outras pessoas.
Não consigo fazer amizades,
E poucas pessoas realmente gostam de mim.

Pronto, acabarei com tudo isso, digo com emoção.
Aqui em cima do olho direito, uma bala, eis a solução.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

A pequena alcatéia.

Estava frio, em todos os lados via-se a branca neve, mas ela estava maculada, maculada com manchas de sangue. Em meio aos pinheiros vinha uma grande alcateia. Consistia de muitos lobos, lobos fortes, de pelagem escura e completamente maldosos.
Os lobos não confiavam uns nos outros, e tinham motivos para tal. Constantemente haviam traições, a alcateia destruía a si mesma. Os lobos buscavam apenas o poder, sem se importar com as consequências de seus actos em relação aos outros.
Estava frio, em todos os lados via-se a branca neve, mas haviam também lobos. Em meio aos pinheiros vinha uma alcateia comum. Consistia de alguns lobos, lobos fortes e fracos, de pelagem cinza e bons e maus.
Parte deles estava unida, a outra também, mas essas partes brigavam constantemente, causando a discórdia e depois a divisão da alcateia, em alcateias ainda menores.
Estava frio, em todos os lados via-se a branca neve, apenas a neve, haviam pouquíssimos lobos. Em meio aos pinheiros vinha uma pequena alcateia. Consistia de apenas três lobos, não eram tão fortes, tinham a pelagem branca e eram bondosos.
Apesar de não serem tão fortes individualmente e de serem apenas três, eram uma forte alcateia, tudo isso porque era a mais unida das alcateias.
Estava frio, e a pequena alcateia seguiu em frente.