sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

O bouquet.

O bouquet não te deu alguém para amar. Não, tu não te apaixonaste por mim ao recebê-lo, ele não fez com que tu pensasses que eu nasci para ti. Sequer achaste que era de um outro alguém e caíste por este.
O bouquet não tocou teu coração. Não, ao vê-lo não ficaste maravilhada com a lindeza que é a vida. Não saíste a pular e a sorrir graças à beleza do mundo.
O bouquet nada disso fez. O bouquet morreu em minhas mãos.

O bouquet.

O Sol começou a se espreguiçar e a acordar a cidade. Os pássaros gorjeavam alegremente fora da janela. O rapaz se levantou calmamente, esfregou os olhos com calma e abriu jeitosamente a janela. "Um belo dia, um belíssimo dia." Disse para si mesmo. Exalando alegria, foi se arrumar.

Here comes the sun
Here comes the sun
And I say
It's all right.

Ao som da música mais feliz que pôde encontrar, vestiu seu smoking mais belo. Lustrou seu negro sapato. Despenteou seus cabelos de palha - para dar um ar mais descolado. Ajeitou seu sorriso mais alegre e foi às compras.

"Por favor, eu quero um bouquet com três cravos, três lírios, três margaridas, três rosas cor-de-rosa e um crisântemo." Pediu ao floricultor com um grande sorriso no rosto.
"Oh, mas é claro! Só um segundo." Respondeu-lhe energeticamente, enquanto ia buscar as flores requisitadas.
"Ora, quem diria, esse é o último crisântemo que eu tinha. Deve ser o destino." Disse ao voltar com o belo e colorido bouquet.
"Sim, o destino, tudo dá certo n'um dia tão belo como esses, obrigado e tenha um ótimo dia!" Gritou o garoto enquanto já partia a correr para seu destino.

Chegando ao local marcado,parou de repente, olhou para a grande entrada, para as flores, os enfeites, as estátuas. Seu sorriso tomou um ar sério mas apreensivo.
"Não importa quantas vezes você venha aqui, você sempre fica nervoso." Ele pensou.
Respirou fundo, e caminhou portão adentro. Com um pequeno sorriso e um ar sereno, andava por uma calçada ladrilhada. Até chegar finalmente à sua amada.
O garoto parou, virou para ela, sorriu e se ajoelhou. Deitou seu bouquet no pé da lápide e disse. "Droga, não importa o quão belo esteja o dia, sempre chove quando eu te vejo."
E, sobre o bouquet, ele chorou, chorou.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Nada.

Nada.
Nem um sorriso, nem uma lágrima.
Nada.
Nem um adeus, nem um até logo.
Nada.
Eu te amo, eu te odeio.
Nada.

Depois de tudo,
de tudo que passamos,
de tudo que fizemos,
de tudo que sentimos.

Tudo.
Os sorrisos, as lágrimas.
Os olás, as saudades.
Os amores, os ciúmes.

Você, meu tudo,
de mim, não quer mais nada.

Nada.

Não preciso de nada
Honestamente, não me venham com ideias.
Não preciso de sonhos nem de paz.

Não, hoje não farei nada
Não lerei, escreverei ou estudarei.
Não quero sorrisos ou algo parecido.

Às vezes é bom pensar em nada.
Às vezes é bom ignorar tudo.
Às vezes nada é tudo que queremos.

Nada: é tudo que quero.
Juro-lhes, quero apenas nada.
Dêem-me nada, eis tudo.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

O casal.

Logo ali havia um rapaz que era tudo que se espera de um homem: era bonito, gentil, carismático, bem-humorado e muitos outros adjetivos que denotem belas qualidades.
Ele tinha também uma extrema devoção pelo seu amor. Sempre mantinha-o próximo de si, sempre cuidava do seu amor, sempre atencioso.
Havia um outro moço que não ficava muito atrás. Ele era delicado, amável, escrevia belíssimas coisas para seu querido amor e o queria mais que tudo.
Ele possuía uma devoção igual — senão maior — a seu amor. Ele lhe escrevia todos os dias diversos sonetos e odes em louvor àquela pessoa que era sua maior inspiração.
E sim, eles eram um casal.

O casal.

Ele talvez fosse muito alto, muito comprido, assim como seu cabelo. Seu estilo era meio diferente, seu sorriso era difuso, seu olhar era confuso. Ele andava de um jeito estranho, como se sempre estivesse feliz, "alguém que sempre está feliz, nunca está feliz" diziam. Ele não era o mais bonito do mundo, não senhor, ele era muito diferente para ser belo. Ele era muito magro, muito alto. Seu cabelo era muito comprido para os padrões aceitáveis. Seu sorriso era muito escancarado para a sociedade séria e irônica.
Ela era muito baixa, pelo menos baixa demais para ele. Seu estilo era bem diferente, seu sorriso era confuso, seu olhar era difuso. Ela podia ser considerada "rechonchuda", o que não é algo bem visto. Seu cabelo era colorido, seu cabelo era estranho, seu cabelo era desgrenhado. Ela não era a mais bonita, era levemente atraente, porém gravemente diferente. Ela era muito baixa. Seu cabelo curto demais para uma dama. Seu jeito muito escancarado para a sociedade manipuladora.

E o que importava para os dois, não é possível descrever, à primeira vista.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Civilização.

Destruição, construção.
Riqueza.
Tristeza, dor, esperança.
Alegria, pobreza, esperança.
Luxo, futilidades, riqueza.
Sonhos:
enlatados, impossíveis.
Realidades:
inacreditáveis, invejáveis.
Ambição, traição, paixão, construção.

Tudo. Nada.
Preto. Branco.
Riqueza. Pobreza. Pobreza.
Construção. Construção.

Civilização.