terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Civilização.

Destruição, construção.
Riqueza.
Tristeza, dor, esperança.
Alegria, pobreza, esperança.
Luxo, futilidades, riqueza.
Sonhos:
enlatados, impossíveis.
Realidades:
inacreditáveis, invejáveis.
Ambição, traição, paixão, construção.

Tudo. Nada.
Preto. Branco.
Riqueza. Pobreza. Pobreza.
Construção. Construção.

Civilização.

Civilização.

Passei apressadamente pela chuva
E não vi o menino que pedia
Algo a todo mundo que passava.

Atropelei tão friamente aquela pessoa
E não senti que ela sofria
Por não voltar para sua patroa.

Ignorei todas as crianças
E veementemente não acreditei
Que nas mãos delas estão as mudanças.

Segui em frente fingindo que não
Faço parte disso. Mas eu sei
Que na verdade eu sou a civilização.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A estrela brilhante.

Ela era uma estrela dentre bilhões. Não era tão grande quanto Betelgeuse, nem tão pequena quanto RXJ-1856-37, também não era tão próxima de nós quanto o Sol.
Ela era brilhante, não no mesmo sentido em que Einstein era, ela era brilhante por sua luminosidade. É claro que não brilhava tanto quanto Rigel, ela apenas brilhava o suficiente para que a víssemos daqui da Terra.
Ela era quente, certamente lhe derreteria se você tocasse nela, mas ela não era tão quente quanto Regor.
Ela era só mais uma estrela, não fazia parte de Ursa Maior nem de outra constelação famosa. Ela era uma estrela dentre bilhões, ela era uma estrela brilhante, mas qual estrela que não é?

A estrela brilhante.

Numa cidade pequena, uma jovem apaixonada olhava para o céu. Seus olhos não tinham rumo certo, só corriam na imensidão negra, de estrela em estrela, pulando de lá para cá. Pensando em seu amado, que estava a milhas dali. Ela sonhava, imaginava, pensava, até que sua atenção se voltou a uma estrela em específico. Em meio a tantas e tantas estrelas no seu céu, em meio a tantos pontos luminosos no véu negro que observava. Uma estrela que se destacava, uma estrela que era mais forte, mais bela, mais brilhante. A garota viu a estrela e sorriu.
Numa grande cidade, um rapaz apaixonado tentava olhar para o céu. Seu olhar era interrompido em meio de arranhacéus, corria na imensidão de concreto, tentando buscar um espaço, pulando de lá para cá. Pensando em sua amada, que estava a milhas dali. Ele sonhava, imaginava, pensava, até que sua atenção se voltou a uma estrela. Uma estrela! Em meio a tantos prédios e construções, em meio a tantas luzes da cidade, tanta poluição, tanta fumaça. Uma estrela surgia, uma estrela que ele não conseguia observar tão bem, uma estrela longínqua, uma estrela, apesar de tudo, brilhante. O garoto viu a estrela e também sorriu.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Bem-me-quer.

Bem-me-quer.
Mal-me-quer.
Bem-me-quer.
Mal-me-quer.
Bem-me-quer.
Mal-me-quer.
Bem-me.
Me quer?
Bem.

Bem-me-quer.

Bem-me-quer.
Também lhe quero.

Ou não me quer?
Por favor, queira-me

Eu sempre lhe quero.
Quero tanto tê-la.

Não me quer mais?
Por favor, volte atrás.

Mas eu sei que me queria.
Não esqueça o que vivemos.

Entendi o que quer dizer.
Mal-me-quer.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Uma família estranha.

Eles faziam parte de uma família de renome, reconhecida em todos lugares. Possuíam classe, isso era inegável, eram também uma família saudável e bonita, todos possuíam uma exuberante e natural beleza. Possuíam carácter, muitíssimo carácter, a classe deles não se restringia aos modos perante a mesa, eram sempre bondosos e faziam caridades apenas por amor ao próximo.
O pai era verdadeiramente patriarcal. Tinha exactos cinquenta anos, era um líder tanto dentro de casa quanto em seus negócios, sempre que alguém queria uma referência, tanto de como viver sua vida pessoal quanto viver sua vida profissional, ele seria o exemplo a ser seguido. Mesmo sendo um homem bastante austero e super bem sucedido em sua carreira, ele nunca deixou de ser afectivo e sempre cuidou e amou sua família.
A mãe era a grandíssima mulher por detrás daquele grande homem. Apesar de já ter mais de quarenta anos de vida, a beleza era flagrante naquela dama, em sua juventude havia de ser lindíssima, tinha olhos cristalinos e cabelos de ouro, é claro que àquela idade já estavam desgastados, mas isso não tirava o esplendor dela. Mas mesmo se tirasse, esse esplendor seria devolvido graças à sua sempre materna bondade. Amava seu marido e seus filhos apenas por amor, cuidava das crianças tal como faria uma coruja, mas nunca tirando a liberdade deles.
A filha mais velha era o orgulho da casa. Uma moçoila de dezassete anos, herdeira da beleza de sua mãe, com olhos que mais parecem pedras preciosas, cabelo macio como nuvem e brilhante como ouro. Era deveras estudiosa, sabia de tudo como ninguém, sempre que a encontravam a pueril sábia trazia sob o braço um livro, seja de filosofia, biologia ou qualquer outra coisa, mas ela sempre estava a estudar.
Por último vinha o caçula. Tinha onze anos, era um pouco serelepe, mas nada que não fosse natural naquela idade. Apesar das brincadeiras, era flagrante que ele era um bom garoto, adorava cuidar dos animais, tinha muitos amigos e em suas brincadeiras sempre dava oportunidades iguais a todos, sempre fazendo com que os perdedores se recompusessem e dando o devido valor aos vencedores, sempre com justiça. Ele seria um líder nato quando atingisse a idade adulta.
Eles eram uma família diferente, uma família tão boa que era vista como estranha. Seus malignos e desonestos vizinhos os viam como uma ameaça àquela sociedade que já estava ganhando poder a partir dos roubos e mentiras. Eles eram uma família estranha.