sábado, 26 de janeiro de 2013

Tudo passa.

Lembra-se de todos os sonhos,
todos planos que eu fazia
logo quando nos conhecemos?
Pois é, passaram.
Sim, tudo que eu julgava ser a razão
o guia 
o norte
passado.

E os medos, as angustias
aquelas que te confidencei,
coisa boba, coisa velha
e os amigos, 
que queriam te conhecer,
verdadeiros amigos, amigos para sempre
param sempre.
Passam também.

As pontes que nos levariam até lá,
a água passou por baixo,
nós, por cima.

Tudo passou,
os sorrisos murcharam,
as flores morreram, 
as estrelas apagaram,
o mundo não acabou.
Tudo passa.

Mas você ainda está aqui comigo,
e, no meu peito cansado,
meu velho coração ainda bate por ti.

Tudo passa.

Encontrei o meu amor a chorar.
Cabisbaixa, a pobrezinha mal conseguia falar,
Perguntei-lhe que passava, por que chorava.
Mas a minha querida estava tão mal
Que nem mesmo podia responder.

Abracei-a, ela acalmou-se aos poucos.
Perguntei-lhe novamente por que chorava
E ela caiu em prantos novamente.

Tentei acalmá-la novamente, dessa vez com palavras,
Disse-lhe que, seja lá o que lhe afligia, logo sumiria.
"Tudo passa, querida, não chores."
Após mais algumas lágrimas e suspiros, respondeu-me.
"Meu amor, eu sei que tudo passa, é por isso que choro,
Passam as dores, passa o sofrimento, passam dias e noites,
Tudo isso que conhecemos um dia acabará
E é isso que me preocupa,
Passará você, passará nosso amor,
Apenas não quero que tudo passe."
Calei-me, ela ao menos parou de chorar.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Flocos de neve.

Flocos de neve. Bonitos, adoráveis, amáveis, lindos, fabulosos, formidáveis. Dizem que não existem dois iguais, mas assim é com todos nós, únicos, incomparáveis, singulares. Flocos de neve são pequenos, mas juntos fazem tanto, salvam crianças que não haviam feito o dever de casa, permitem que elas brinquem, dão mais um tempinho debaixo das cobertas para os namorados, param cidades. Mas logo se vão. 
Os flocos são como o amor. Lindos no começo, tocam corações, mas com o tempo a sua presença pode tornar-se incômoda, a criança precisa ir para a escola, já incomoda os pais, os namorados cansaram-se um do outro, precisam de um tempo, a cidade deve andar. 
Os flocos, como o amor, são lindos de se observar, mas não se pode segurá-los, incomodam de tão gelados e por fim derretem em nossas mãos. Os flocos, a neve, são como o amor. Lindos, gelados e nem todos têm o prazer de conhecer.

Flocos de neve.

Eram jovens especiais e únicos à sua maneira. Sem par para sobreviverem a esse mundo, realmente únicos e especiais.
Cada um deles via o mundo de uma maneira diferente, eles eram diferentes deles mesmo, apesar de serem tão iguais.
De uma maneira mais organizada, com suas regras, formas, sílabas, ou livres, brancos, ousados, tentavam sempre ser únicos, tentavam sempre ser especiais, tentavam se superar e fazer das tripas coração, do coração razão.
Subvertiam a existência a resistência, faziam tudo de maneira única, com um toque pessoal, cada detalhe de suas vidas eram singulares, por mais que fossem quase iguais, no final, mudavam tudo.
Cada fragmento, cada canto, cada detalhe, era único e especial como um floco de neve.
Como um floco de neve, ao longe, eram todos iguais.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

É assim que se diz adeus.

Adeus,
simplesmente assim, tão fácil.
Mas eu não pude, eu não consegui,

Eu disse 
"adeus"
sorri e lhe beijei, para te ver no dia seguinte,

Escolhi subverter, 
mudei o mundo todo pra não te esquecer.
Adeus.

Adeus,
que diferença faz agora?
Se ver-nos-emos, logo, quando for embora.

Mas você sempre dá um jeito, querida,
e se a palavra não basta, nos seus olhos eu vi o 
adeus.

E agora você se despediu, deu seu
adeus,
e me deixou, mas pra mim ainda estás aqui.

Mas um dia eu juro que me desfaço,
e te um poema eu te faço,
que comece e termine com
adeus.

É assim que se diz adeus.

Talvez seja o momento de ponderar,
Todos ponderam ao final do ano,
Acredito que seja o momento de ponderar.

Bem, quantos amores nasceram nesse ano?
E quantos morreram?
Ainda mais, meu amigo,
Quantos duraram esse ano?
Sim, talvez essa seja a parte mais importante,
Quantos amores frágeis temos amado,
Impacientes, egoístas, incoerentes,
Amores mensais, semanais, diários,
Que amar por um ano talvez seja um exagero
(Imagina só amar por cinco).

É certo, regrar o amor é ainda mais absurdo que todos amores irresponsáveis,
Mas, bem, por vezes temos abusado.
E agora, tão perto do fim, que faremos?
Pensa na garota que amou por só um segundo,
Valeu a pena?
E não me venha desviar-se do assunto a citar Fernando Pessoa,
Eu sei que citá-lo-á a qualquer momento,
A deixa que lhe dei é demasiadamente boa.

Se valeu, o dia em que a amou valeu,
E, se esse dia foi bom, a semana igualmente,
Consequentemente, a semana desse dia salvou o mês,
E esse mês há-de ter sido o mês que fez desse ano um ano bom.
E, convenhamos, um bom ano é mais que suficiente na vida que vivemos.
Tão fria.

Muito embora o nosso fim de ano não seja frio,
Construíram essa imagem, impuseram essa imagem,
Aceitamos.
Precisamos de um incêndio, eu acho.
O amor congelou, parou no tempo.
A alegria, os sonhos e as esperanças também.
Eu entendo, incêndios são coisa má,
Eu entendo, tais coisas não devem ser defendidas,
Mas precisamos.

Precisa-se de sonhos,
Ou melhor, sonhadores.
Acordar? Coisa de louco.
Pense, meu amigo, em quanto perdemos vivendo,
Enquanto vivemos, tanto perdemos,
Trabalhar? Pagar contas? Preocupar-se?
Eu preciso manter-me em paz, em casa,
Preciso de literatura, preciso de arte,
Preciso de amor e de sonhos.

É, meu amigo, tente ignorá-los.
Voltemos ao nosso fim.
Primeiro de tudo, mantenha a calma,
Não entre em pânico,
E, se preciso, corra.

Mas enquanto o fim não vem,
Por que não falamos do que aconteceu?
É, agora você queria voltar atrás e aceitar aquela proposta,
Você não queria ter passado tanto tempo naquele escritório,
Você preferiria ter se arriscado,
Passado mais tempo comigo e com os outros,
E, sobretudo, com ela.

Como as coisas seriam melhores, meu amigo,
Se apenas tivéssemos acreditado no que disseram:
Jesus há-de vir salvar-nos.
Nesse momento estaríamos despreocupados,
Não haveria como dar errado.

E hoje, cá estamos, dando risada de tudo,
Embora no fundo tenhamos mais medo que os outros,
Sabemos que não merecemos um final feliz,
Da mesma maneira como não mereceu um cachorrinho quando tinha sete anos,
Se lembra?
Ninguém mandou brigar com sua irmã.

Se bem que, pensemos bem, quem inventou essas regras?
Por deus, preste atenção.
De onde vem toda essa razão?
E de onde essa matriz tirou essa razão?
Somos apenas um monte de poeira estelar completamente despropositado,
Um umidificador de ar tem mais sentido que nós dois.

O problema apenas é que dessa vez o cachorrinho é a salvação.

Salvação? Perdição?
Espera um pouco,
Tudo isso é tão despropositado quanto nós,
O vencedor, o perdedor.
Não, isso também não me satisfaz.
Belo, feio.
Chega disso, estou exausto.

Exausto de quê?
Bem, sabe,
Disso, de tudo isso.
Sim, mas eu não vou parar.
Por que você não continua?

Olha, esse poema pode acabar por ser muito bom
Ou muito ruim.
O risco de ser muito ruim me assusta,
Talvez fosse melhor apagá-lo todo agora.
Mas o risco de ele ser muito bom atrai-me ainda mais.
Os críticos que decidam.

Os críticos literários.
Pessoas (mal) pagas para ver o que não existe,
Para ler palavras que não foram escritas,
Evidenciar sentimentos não sentidos,
Ouvir rimas nunca recitadas.
Os críticos literários fazem mais sentido que nós dois.

É, não faço ideia de que destino temos,
Só parece não ser coisa muito boa.
Eu não quero meu destino.
Destino.
Eu odeio essa palavra,
Prefiro o som do nome dela.

Mas, bem, vim aqui para dizer-lhe apenas uma coisa, amigo meu,
É chegada a hora,
Adeus.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

aMor

Meu deus, já não cansaraM de Me ouvir falar isso? taMbéM cansa-Me escrever poeMas tão iMaturos. chega de leMbrar dos dias que passaMos juntos, das horas, dos Minutos, chega de leMbrar de Músicas que Me Mostrou. é Melhor parar de uMa só vez, é Melhor dizerMos até Mais, chega de pensar que é a única coMpanhia que Me serve. MesMo assiM, MesMo depois de Mais de ceM péssiMos poeMas, ainda Me pego a pensar eM você, e coMo odeio isso, Meu beM, odeio chaMá-la de Meu beM, odeio dedicar-lhe poeMas, odeio leMbrar de você nas horas Mais Melancólicas, odeio pensar que você é Minha Melhor MeMória, odeio esse texto. Mas, aciMa de tudo, ainda te aMo, Meu beM (Meu deus, que clichê, apagueM isso o quanto antes). siM, eu a aMo, é a vida, Mas não pense que é Maravilhosa, não pense ser Mais do que é, marina. é apenas Mais uM de Meus Múltiplos probleMas. Mas, Mais iMportante, só Me responda uMa coisa, Meu aMor, eu era taMbéM o seu aMor? é Melhor não Me responder.