sexta-feira, 22 de julho de 2011

A Fuga.

Em outro dia pedi ao destino que me deixasse te encontrar para fugir de minha vida, mas agora pergunto-me “E se a encontrasse?” Ao primeiro momento eu faria uma piada infantil, como sempre fiz. “Ainda está viva?” Você riria, diria que eu também tenho andado sumido. Eu comentaria seu visual. Estaria linda, sempre está. Você perguntaria “O que está ouvindo?”. Eu tiraria o fone do ouvido oferecendo-o a você e diria “Você vai gostar, me lembra você.” não importando o que fosse, mas me lembraria, tudo me lembra. Você acharia divertido, sorriria tímida, nunca soube reagir bem a meus elogios. Emudeceríamos então, ficaríamos parados um em frente ao outro, meio incómodos. Eu não teria nenhuma atitude, nunca tive mesmo, apenas a olharia, apenas a admiraria. Eu seguiria em frente, diria que “Temos de fazer isso outras vezes.” Você concordaria, mesmo que não achasse o mesmo, apenas por educação. Ou talvez eu congelasse ao vê-la e você fugiria de mim e de seu passado.
Ou mais do que isso, dizem que se deve fugir do amor, eu devo então deixar de pensar você. Nada de músicas que você me mostrou, nada desenhos que você fez, nada de querer te encontrar. Seguir em frente, escapar do que fomos, nunca mais olhar para trás, sem arrependimentos. Ser como você sempre foi, inconsequente, mas da melhor maneira possível.
Como você é... pronto, já me encontro pensando em você de novo, como eu sempre fui... apaixonado por você. E é natural que eu pense, é possível que eu te amassa inatamente, antes mesmo de te conhecer. E mais, não haveria como não pensar na garota que me fez me sentir vivo, na primeira garota que me tratou como alguém, na única garota que disse que me amava, - mesmo que não fosse verdade, e não era, nada é verdade quando se é jovem - na garota da minha vida, apenas isso. Não haveria como não pensar em você, não haveria como fugir de você sem fugir de mim mesmo.
Não, não há como fugir do amor.

A Fuga.

Os passos espalhavam água por toda a rua encharcada. O cheiro era de verão, com gosto de chuva rápida. O sol caía do céu lentamente, em câmera lenta, repleto de dramas. Os passos eram nervosos, confusos, indecisos. Ela sofria e, por isso, corria; fugia; abandonava.

Tudo parece calmo, sem surpresas, sem novidades. Era morno, habitualmente morno. Todos tinham aquele sorriso sem graça, de quem já não sonha mais. "Estamos arrasados? Não temos motivos para sermos felizes? Desistimos?" Pensara antes de correr.

Correu, correu, ninguém percebeu. "Não sou como eles. Sou melhor que isso. Melhor que eles. Eu serei feliz, sozinha!"

Era sua fuga. Só sua. Mas o que era esse gosto de vazio? Essa sensação de derrota? A pior colocação no primeiro lugar do pódio.

Ela corria e deu de cara com um beco sem saída. Deu meia volta. Quanto mais andava, maior ficava o buraco em seu peito. Um passo a mais, uma pá a menos. Não aguentou mais, cedeu. Ofegava, seu coração apertado e gelado.

Percebeu afinal, tentava fugir da dôr e da tristeza. Mas a causadora perseguira-lhe até lá.

Sua fuga foi completamente em vão. É impossível fugir de si mesmo para ser feliz. Somente enfrentar-se.

No beco sem saída, ela seguiu em frente.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Anedota.

Aprendi uma nova piada, a vocês vou contar.
Toc-Toc! Quem é?
Ninguém! Ninguém quem?
Ninguém nunca vem me visitar.

Anedota.

Nunca soube contar anedotas,
Nunca fui engraçado.

Sempre quis ser cómico,
Fazer você sorrir.

Eu seria cómico,
Se utilizasse da auto depreciação?

Talvez devesse rir de mim mesmo e de meus defeitos,
Fazer piadas sobre minhas decepções.

Eu a animaria, seria cómico,
Se não fosse irremediavelmente trágico.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

O bobo da corte.

Era uma vez um bobo da corte que vivia a entreter o rei e toda a realeza de sua nação. Ele era adorado em seu pequeno país, fazia com que todos sorrissem e rissem sem parar. Vivia causando uma constante alegria e uma vida de felicidade no reino.
Com o tempo sua fama foi aumentando, pessoas vinham de todo o mundo ver o tal bufão, apenas para dar boas risadas às suas custas. O bobo da corte fazia rir quem apenas chorava, resolvia problemas e acabava com guerras.
Foi depois dessa imensa fama que ele obtivera que veio um convite do rei do maior império do mundo para que o bobo fosse trabalhar em seu império. Todos da pátria do bobo ficaram orgulhosos, incentivaram-no para que ele fosse aproveitar tal glória mas ele recusou, queria apenas ficar em sua casa, queria sorrir novamente, pois desde que se tornara bobo da corte nunca mais conseguira resolver seus próprios problemas muito menos ser feliz mais uma vez.

O bobo da corte.

Há muito tempo existiu um rapaz brincalhão que adorava brincar de rir. Fazia piada com todos ao seu redor, que também se divertiam sem ligar quando eram o foco das brincadeiras, afinal ele também fazia consigo mesmo e todos levavam com bom humor.
Se perguntassem uma característica dele, diriam que ele era engraçado, e é isso que era. Era um gênio, todos gostavam dele, todos riam com ele, chegavam até a admirá-lo.
O tempo passou e sua fama cresceu, era tão engraçado, tão bem humorado, tão divertido. Claro que em alguns momentos ele ficava triste; preocupado; desanimado, ele era humano, afinal, mas encarava descontraidamente.

Até que um dia o rei o chamou ao castelo.
- Meu jovem, ouvi dizer que és o mais engraçado de todos, é verdade?
- Olha, Seu Rei, eu até podia fazer uma piada sobre isso pra provar que sou, mas a piada aqui é eu manter a seriedade e não chocar ninguém fazendo uma anedota diante de vossa majestade. A reviravolta é não ter reviravolta, sabe?
- Hahaha, você é bom, garoto. Doravante será o bobo da corte do reino, e ganhará a vida fazendo os outros rirem, que achas!?
O bobo da corte não respondeu, apenas abriu um grande e belo sorriso. O primeiro sorriso falso que já dera, que marcava o fim dos verdadeiros.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Menino-poeta.

Mas na verdade eu ainda sou menino.
Só quero brincar, me divertir.
Não quero trabalho e compromisso.

E por outro lado, quando penso em você.
Quando penso e sinto, é só o que quero.
Seu amor, eternamente.
Essa chama ardente, que aquece meu peito.

De um lado a diversão inconsequente,
do outro o coração carente.

Eu sou um pouco dos dois,
por você e por mim.
Não há uma escolha correta
sou mais um menino-poeta.