terça-feira, 28 de junho de 2011

Ruas Paulistanas.

Caminhando pelas Ruas Paulistanas,
conheci uma garota diferente;
Era uma tarde de Outono:
Dia 13 de Maio.

Augusta,
cabelo amarelo, all-star azul.
Camisa xadrez, piercing na boca.

Entretinha-me tanto,
com seu jeito diferente de falar,
seu leve modo de andar.

Augusta,
Por que me abandonou?
Era o centro de minha vida, e nada restou.

Luis Antônio,
um skatista divertido e descolado.
Não hesitou para se entregar,
para partir meu coração.

Augusta, Augusta.
Uma garota Paulista.
Que me deixou no Paraíso.

Augusta, Augusta.
Ainda te vejo em cada esquina,
em cada rua dessa cidade,
nas Ruas Paulistanas.

Augusta, Augusta
Me levou ao Paraíso,
Mas no final foi Consolação.

Ruas paulistanas.

Passei mais uma tarde
Triste por meio das ruas
Paulistanas solitárias
Sofriam em meio à obscura
Neblina se romântica,
Fumaça se realista.

Uma tarde tão paulista
Na cidade tão cinza
A noite vinha caindo
Sozinha vinha a vida
Pensativa se intelectual,
Lúgubre se melancólica.

Em todas tardes paulistanas
Ruas se enchem de cores
Tristes e felizes, disjuntas,
Dizem que podem coexistir,
Juntas se harmónicas,
Repelindo-se se desafinadas.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Dois amigos.

- E aí, o que vamos assistir, idiota? - Ela disse enquanto paravam na frente do cinema.
- Ah... Não sei, deixa eu ver o que tá em cartaz. - Respondeu o garoto enquanto analisava os filmes na bilheteria.
- Eu queria ver o filme hoje, sabe? - Disse em tom de deboche e deu um soco no ombro do rapaz.
- Haha, como você é engraçada. Por que não ajuda a escolher então, já que tem tanta pressa? - Ele falou apontando para os filmes.
- Claro, claro, eu tenho que decidir tudo pra você . Bom... Não me abandone jamais?
- Quê? Nunca ouvi falar, próximo.
- Piratas do Caribe! Piratas do Caribe, por favooor. - Pediu fazendo bico.
- Credo, nem implorando.
- Chato. Meia-noite em Paris? Ah, não, parece ruim.
- Parece bom. - Disse sorrindo.
- Ruim. Se beber não case 2, eu ri bastante do primeiro.
- Eu nem vi o primeiro.
- Assim você dificulta, sabe?
- Sei sim, é como eu me divirto.
- Já achei. Esse é a sua cara. Carros 2.
- Carros 2! Animação. Diversão!
- Ok, ok. - E virando-se para o bilheteiro que esperava pela decisão dos amigos pediu dois ingressos para o filme.

- Odeio trailers. - Ela disse soprando sua franja como se entediada.
- Odeio sair contigo. - Ele disse tomando sua Coca.
- Então não saia, ninguém te obrigou a aceitar. - Respondeu pegando a Coca da mão dele.
- Calma, besta. Era brincadeira. - Estava nervoso, ansioso. - cê sabe que eu curto sair contigo, você é uma das minhas melhores amigas.
- É, e você é o um dos meus melhores, eu também tava brincando... - Ela notava seu nervosismo, sempre notava. - Relaxa.
- Ok... É só que... cê sabe. - Era apaixonado por sua amiga. Perdidamente. Eternamente. E isso era horrível, mas não podia evitar. - Deixa pra lá.
- Argh, pare com isso. - Ela se inclinou para frente. Ele se assustou.
Ela se aproximava devagar, seus olhos de encontro aos dele, que estavam arregalados. A respiração forte, o coração rápido. O mundo começou a girar cada vez mais lentamente. Ele não tinha reacção. Mas ela sabia o que estava fazendo, como sempre.
Tocaram-se. Seus lábios colados, quentes. Ela era macia, doce, e quente, sempre quente. Ele era receoso, apaixonado, e quente, com ela. Ele fechou os olhos assim que o mundo parou. Ela começou a se afastar e então estalou seus lábios com o dele, olhou-o nos olhos, sorriu, sentou-se no seu lugar.
- Eu sei que você queria isso... desde...
- Sempre? - Ele sugeriu enrubescido.
- É, tipo desde sempre. - Ela concordou meneando a cabeça. - Enfim, desde sempre. E, sei lá, você é meu amigo, amigos querem ver os outros felizes... Mas eu estou com outrem agora, cê sabe. E você é meu amigo, só meu amigo. Espero que entenda. - Terminou colocando as últimas palavras cuidadosamente na frente do rapaz. Procurando não derrubar a pilha de sentimentos que ele tinha de equilibrar quando estava com ela.
- Sim, eu entendo. - E ele realmente entendia, estava leve como uma pluma que alçara voo com um sopro de vento quente de uma tarde de verão. - Eu entendo, você é minha amiga, somos amigos, só amigos. Aham. Você é tipo, minha melhor amiga, cê é incrível, boba. - Sorriu e virou-se para o telão. - O filme já vai começar.

E assistiram ao filme, riram, brincaram, divertiram-se. Eram dois amigos. Dois verdadeiros amigos. Apaixonados pela amizade um do outro. Renovando e descobrindo o que é a amizade.

Dois amigos.

Era uma vez um garoto, sua vida não era um faz-de-conta, longe disso. Sua vida não era doce e brilhante, sua vida era triste, cinzenta.
Esse garoto tinha diversos amigos, ou melhor, diversas pessoas que lhe chamavam de amigo, pois para ele não passavam de colegas.
Haviam colegas de escola, aqueles que sequer ligavam para ele em nove de cada dez casos, e o décimo caso configurava uma véspera de prova de uma matéria que o garoto dominava com mestria. Ele jurava que pararia de falar com eles, que a qualquer hora perderia a paciência e diria o quanto os repudiava.
Haviam os colegas de trabalho, aqueles que sequer ligavam para ele na maioria dos casos, e só interagiam com ele quando era realmente necessário. Estes ele respeitava, ao menos não fingiam gostar dele.
Haviam alguns amigos - ou coisa parecida -, aqueles que gostavam dele, que andavam com ele não apenas por interesses. Destes ele gostava, os respeitava, mas sabia que não tinha algo verdadeiro quando percebia que nada sabia sobre eles e eles nada sobre ele.
Haviam os amigos sazonais, aqueles que surgem de repente, formavam um forte vínculo com ele e iam embora. Destes ele também gostava, mas conseguia viver sem eles após a partida.
Havia por fim uma amiga isolada, aquela que era tudo para ele, aquela por quem ele morreria, ela sabia tudo sobre ele e ele tudo sobre ela. Ele a amava, ela também o amava mas, diferentemente dele, ela tinha outros amigos verdadeiros e costumava deixá-lo de lado. Nesse caso ele acabava sem ninguém, ou com amigos falsos, o que é ainda pior, e esperava conhecer alguém novo, não eram necessários milhões, mas pelo menos dois amigos verdadeiros.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Educação.

A educação é superestimada.
E eu sou o monstro que ela criou.

Na escola nunca aprendi a ter compaixão,
não com essa tão chamada educação.

Nós não precisamos de educação.
Nós não precisamos de controle da mente.

Resolvo facilmente qualquer problema matemático.
Mas resolver meus problemas sociais seria mais prático.

A educação é superestimada.
E eu sou o monstro que ela criou.

Nunca aprendi nada sobre amor, amizade, pena ou compaixão.
Somente sua definição.

Na escola eu aprendi sobre o pretérito imperfeito,
mas não está nas apostilas como esquecê-lo.

Nós não precisamos de educação.
Precisamos de coração.

Educação.

A educação é um complexo.
Simples e directo.
A educação tenta impor aos jovens o que não querem.
Confuso e assustador.
A educação apenas assusta os estudantes.
Preocupante e intrigante.

Os jovens são o futuro.
O único futuro.

A educação é superestimada.
Eu sou uma pessoa monstruosa
Que foi por ela criada.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Trilhos.

Ela entrou na estação que dava início a toda a linha, ou na estação que findava a mesma linha, conforme sua visão. Comprou sua passagem para o trem que logo partiria, "Uma provável passagem para uma vida nova." pensou.
Dirigiu-se às catracas, e quando passou sentiu que não deixava somente o lado de fora da estação, deixava uma vida inteira para trás. Erros, fracassos, sentimentos que jamais deveriam ter aflorado. Ela tomaria um novo sentido. Ela finalmente faria sentido.
Ficou a pensar na plataforma sobre o que seria aquela nova vida. Trilharia um novo caminho, estava bem certa disso. Não estava certa de que caminho era esse, apenas estava certa de que ele diferia de qualquer outro no qual caminhara por toda sua vida.
Entrou no trem.
Tomou um lugar ao lado da janela. Tomaria vento, veria tudo. Adorava lugares à janela, considerava-os ideais para alguém observador como ela.
Abriu seu livro. Algo semi-intelectual, uma literatura daquela que os jovens leem justamente para não compreender.
Fechou seu livro. Já havia o lido por três quartos de hora, o suficiente para enevoar a mente. Haveria de achar alguma outra coisa para fazer sobre aqueles tediosos trilhos. Queria algo que não encontrava em si.
Uma moça trouxe-lhe em um daqueles carrinhos algo para beber. Ela recusou. Ironicamente, agora não queria nada.
Passou-se mais um quarto de hora. Resolveu contrariar-se mais uma vez ao dirigir-se ao vagão onde eram dadas as refeições. Sim, voltara a querer algo. Ela era assim, apenas uma jovem, uma constante contradição.
Sentou-se a uma mesa qualquer. Pediu um prato que não importa junto de uma bebida ainda menos importante. Levou à boca o primeiro pedaço daquela refeição, parecia frio mas não estava, era apenas sua sensação.
Levantou os olhos, cansara-se da comida medíocre. A primeira coisa que avistou foi a última que deveria lá estar. Ela sentiu tudo aquilo de novo. E de novo.
Descarrilou.