domingo, 6 de outubro de 2013

Despedida.

O clima ficou muito tenso, ele queria aproveitar a companhia dela, queria ficar com ela o tempo todo, queria amá-la, mas não sabia o que fazer. Foi uma grande surpresa vê-la no aeroporto o esperando, uma ótima surpresa, mas ele não esperava, nunca imaginaria. 
Ele temia, temia o que aconteceria daqui pra frente, quanto tempo ainda teriam, quando, e se, chegaria finalmente essa despedida. Queria aproveitá-la, amá-la.
"Prretinho, o que pensa?" Seu português melhorou muito, o sotaque continuava muito carregado, mas os últimos meses no Brasil lhe foram proveitosos, seu corpo delgado escureceu, adquiriu um tom de bronze, seu guarda-roupa mudou completamente do que estava habituada, shortinhos curtos, biquinis, coisas que nunca usaria na Rússia, ela mudou tanto, mas o sorriso dela continuava o mesmo, aquele que fez Martin se apaixonar. 
"Não é nada, querida, pensando em nós, nesses meses felizes." Martin adquiriu uma feição cansada, pesada. Sua namorada gostava de sair, ele não sabia dizer não, não sabia reclamar, ele queria dar o melhor para ela, queria amá-la, aproveitá-la. Ele estava cansado, mas estava tão feliz que não queria que acabasse nunca, mas sabia que logo teriam de tomar uma decisão, uma decisão séria e importante.

A família da Russa desaprovou sua decisão, reprovou a relação entre os dois, todo dia seus pais ligavam para que ela voltasse para casa, que deixasse de lado essa loucura de viver longe deles, num país desconhecido, que abandonasse esse amor, "ninguém vive só de amor" eles diziam. E ela se chateava, ele se chateava, eles se chateavam juntos e se cansavam, tentavam esquecer, ignorar, sabiam que deviam apenas aproveitar esse tempo juntos, deviam se amar enquanto podiam.

"A coisa tá russa", Carlos e Danilo diziam, apenas isso, ele mal os via, apenas quando conseguiam sair os quatro juntos, e ainda sim não desgrudava dela, torciam para que tomassem logo uma decisão, que se despedissem ou ficassem logo juntos por aqui, queriam que fossem felizes, mas queriam mais seu amigo.


Ele se encontrou novamente no Galeão, dessa vez chegou a tempo, e esse tempo passava tão rápido, não podia aproveitá-lo todo, esse tempo doía ao passar. Sua cabeça doía de tanto que chorava, chorava indiscriminadamente, sem a menor vergonha. 
"Eu não conseguirei viver distante, é verdade... mas não dá, não dá mais pra viver assim, é cansativo, é desumano, eu não estou conseguindo mais ser tão feliz, é limitante... essa foi a única saída, a decisão mais sensata... eu nem sei porque to me esclarecendo, isso não é uma despedida, eu prometo que não, não é uma despedida! Vamos nos ver sempre, claro, só ficará um pouco mais difícil... mais distante, mas meu coração estará sempre com vocês." Ele disse em meio a lágrimas, abraçando sua família, deu um beijo longo em todos e embarcou com a Russa para Moscou, para a vida dos dois.

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