domingo, 17 de abril de 2011

O livro.

Era um livro comum, mas era o primeiro livro que lera. O primeiro que conseguira ler sozinho. Lembra-se de sair correndo para dizer à sua mãe que leu o livro todo. Ela o parabenizou, ele sorriu. Mal podia dormir, sua mãe disse que estava crescendo, ele não entendia muito bem o que leu, mas entendia que leu, e bastava. Abraçado ao livro, sorrindo, dormiu.
Sonhou um sonho. Era o herói do livro, o príncipe da estória. Socorria a mocinha, vencia o vilão, e ficavam todos os bons felizes.
Acordou, já estava mais velho e ficou surpreso ao ter sonhado com o livro de sua infância. Desde que lera pela primeira vez nunca mais o tocou, e resolveu lê-lo novamente. Ao ler, viu como a estória era infantil e simples, mas a mensagem e o signifcado do livro para ele bastaram, era seu livro predileto, afinal. Sempre carregava consigo, embora nunca mostrasse a ninguém, pelo fato do livro ser de criança.
Era uma garota comum, mas a primeira garota que gostara. A primeira que se apaixonara. Lembra-se de sair correndo para alcançá-la e dizer tudo o que sentia. Ela o beijou, ele sorriu. Mal podia dormir, ele estava crescendo, não entendia muito bem o que sentia, mas estava com ela, e bastava. Lembrou de tudo, do livro, da garota, e sorrindo dormiu.
Sonhou um sonho. Era o herói do livro, o príncipe da estória. Socorria a mocinha, e a mocinha era a garota. Ficavam todos felizes.
Acordou e percebeu que a estória tornou-se história, a história dos dois. Queria escrever um livro. Mas não era capaz, só conseguiu ler a estória do príncipe, que salvava a mocinha e vencia o vilão. Para sua garota, para seus filhos, para todos, sempre contava sua estória e sua história. A do livro. A do coração.

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