sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

O poema.

Havia um garoto que gostava muito, muito de uma menina. E ele queria expressar isso que sentia para ela. "Farei um poema" pensou ele, "não será nenhum problema.".
Com a caneta e papel na mão, percebeu que não seria tão fácil. Resolveu começar pelo sorriso dela, um sorriso que ele adorava, que o fazia querer sorrir junto. Um sorriso que alegrava seu dia, até quando ele não queria. Aquele sorriso tão doce e cativante. Sorriso esse que o rapaz só conseguiu definir como "simpático" e a melhor rima encontrada fora "estático".
Continuando sua poesia, escolheu falar sobre seus olhos. Olhos decididos, que lhe davam coragem. Seu olhar era lindo e o fazia sonhar. Aqueles olhos, aqueles olhos que ele podia olhar noite e dia, e ver os seus próprios refletidos naquela imensidão que o consumia. Os olhos, olhos "muito bonitos" segundo ele, que conseguiu rimar de alguma forma com "infinito".
E por aí foi, seus "cabelos brilhantes" rimando obviamente com "diamantes". Seu "beijo quente" que conseguiu rimar com "semente" e rimas e mais rimas que não faziam muito sentido, pelo menos não fora do coração do jovem.
No final ainda conseguiu rimar o nome da moça com "malha", mas nada que pudesse nos surpreender mais, a essa altura.
"A poesia não ficou muito boa..." ele disse receoso, enquanto entregava a ela, "afinal nem todo mundo é Fernando Pessoa.". E ela, lisonjeada, leu com calma e graça. O poema realmente não era dos melhores ou mais sentimentais, tinha construções confusas e talvez rimas demais. Ela notou isso, mas também notou algo diferente. "Eu adorei" ela disse sorridente, "o poema pode não ser perfeito" continuou, "e as rimas não são um primor. Porém ele é maravilhoso, pois saiu do seu peito. Feito com o verdadeiro amor."

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